Setor de energia eólica investirá R$ 15 bilhões neste ano
Ainda neste ano, cerca de R$ 15 bilhões serão investidos em energia eólica no Brasil. A expectativa é de que os investimentos continuem neste patamar nos próximos anos, incluindo a participação nos leilões de energia promovidos pelo governo. Em dez anos, essa fonte de energia limpa deve corresponder a 11% da matriz energética brasileira.
Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), acredita que a tendência é a redução da participação das hidrelétricas e de aumento das fontes renováveis. “Nesse processo a energia eólica é a atriz principal. Ela vai ser rapidamente a segunda fonte a participar da matriz. Do ponto de vista da oferta, nós não temos problema em termos de potencial. É essa a posição que o setor eólico está buscando garantir e nós temos todas as condições de fazer isso. O setor eólico está em um momento virtuoso e vai continuar nesta trajetória tendo em vista a base que a indústria construiu no Brasil”, disse.
Flávia Soares, bióloga da Amda aprova os investimentos em fontes de energia renovável. “A intenção de transição de energia hidroelétrica para a eólica é bastante positiva para a proteção do meio ambiente. Apesar de, por vezes, ser considerada ‘energia limpa’, uma usina hidrelétrica causa graves impactos ao meio. Tanto na transformação deste que passa a ter dinâmica hídrica diferente como para os seres vivos que dependem daquele recurso. No caso dos peixes migratórios esse impacto é ainda maior, pois sua rota de migração para reprodução é interrompida e, apesar de esforços de pesquisadores para minimizar esse impacto desenvolvendo tecnologias de passagens sobre as barragens, estes perdem o sentido de migração quando estão numa lagoa sem corrente de água”, comentou.
A presidente da Abeeolica aponta que um dos maiores desafios do setor no Brasil é o desenvolvimento da cadeia produtiva para garantir o andamento dos projetos e manter o índice de nacionalização, critérios básicos para conseguir financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Melo concorda com a exigência, mas lembra que a cadeia produtiva tem que evoluir rapidamente para que os projetos possam entregar a energia contratada nos leilões. “É um desafio que chamamos de emergencial. Ano passado nós vendemos 4,7 gigawatts. Isso significa que temos que fabricar equipamentos. O adensamento da cadeia produtiva talvez hoje seja o ponto de maior atenção. Não entendemos como um ponto intransponível, mas como uma questão que temos que vencer, que discutir e trazer soluções de curto prazo para seguir na trajetória de consolidação que a indústria está indo de sustentabilidade de longo prazo”, afirmou.