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Falta de veículos prejudica combate a incêndios, que quase destrói o Parque do Itacolomi
No que depender de veículos para transportar brigadistas e equipamentos, as poucas unidades de conservação (UCs) mineiras serão destruídas pelo fogo. No último domingo (24), para combater o incêndio que começou no Morro do Cachorro e queimou 128 hectares, sendo 66 dentro do Parque Estadual do Itacolomi, em Ouro Preto, o gerente e os brigadistas do Parque tiveram que contar com a boa vontade de voluntários e até de funcionários, que disponibilizaram seus veículos para transportá-los até os locais de combate. O Parque dispõe apenas de um fiat uno, que é insuficiente e inadequado para atender várias demandas do Parque, incluindo o combate à incêndios.
O gerente do Parque do Itacolomi, Juarez Távora Basílio, acredita que o incêndio foi criminoso, porque a área que pegou fogo não é um local onde pode ocorrer combustão instantânea. Segundo ele, o que agravou o processo de combate foi à dificuldade de translado, devido à escassez de veículos no Parque. “Temos apenas um Fiat Uno. Neste incêndio, por sorte, contamos com o apoio de veículos particulares. Um dos funcionários do Parque utilizou seu carro para levar bomba costal até o local de combate”.
Para Dalce Ricas, superintende executiva da Amda, o sucateamento da frota de veículos do IEF vem sendo insistentemente denunciado pelos gerentes das unidades de conservação estaduais, pela Amda e outras ONGs que integram conselhos consultivos dos Parques. Segundo ela, uma das causas para este fato é a burocracia e o excessivo controle da Seplag, que centraliza autorização para compra de qualquer coisa para as instituições públicas, desde papel higiênico até caminhonetes 4×4, essenciais ao combate de focos de incêndios.
Questionada pela Amda durante a última reunião plenária do Conselho de Política Ambiental (Copam), realizada em 10 de julho passado, a representante da Seplag respondeu, irritada, que a ordem para compra dos veículos já havia sido dada à Semad. Porém, passados 45 dias, o diretor geral do IEF, Bertholdino Teixeira Júnior, afirmou que não espera que a liberação aconteça até final do mês de agosto. Os veículos deveriam ter sido comprados no final de 2013, mas a Advocacia Geral do Estado segurou o processo que caducou com o término do ano.
O Parque estadual da Serra do Rola Moça também enfrenta dificuldades pela falta de veículos na UC. Francisco Mourão, biólogo e membro do conselho Consultivo do Parque, conta que os brigadistas da unidade de conservação não puderam auxiliar no combate ao incêndio que queimou dois hectares de mata da Fazenda Jangada, em Brumadinho, no dia 20 de agosto passado, porque não tinham como se deslocar até os focos de fogo. A Fazenda voltou a ser assolada por novo incêndio, nos dias 25 e 26 de agosto, que ampliaram a área queimada. O fogo foi debelado por brigadistas voluntários da Amda e pela brigada profissional da entidade, que atua em parceria com a Gerdau Açominas.
“A fazenda está na zona de amortecimento do Parque e constitui valioso corredor ecológico entre a unidade de conservação e outros ambientes naturais que restam na Serra da Moeda. Infelizmente foram queimados valiosos fragmentos de Mata Atlântica em estágio avançado de regeneração. O prejuízo ambiental é incalculável, pois o sub-bosque foi completamente destruído, além de outras áreas em estágio inicial de regeneração.”, explicou o biólogo.
Para Dalce Ricas, estamos enfrentando uma das piores situações na área ambiental em Minas. “O governo Anastasia não criou novas unidades de conservação, não regularizou um hectare de terra nas mesmas, sequestrou os recursos da compensação e deixou os parques à mercê dos incêndios e do sacrifício de seus gerentes e guarda-parques. Talvez a Seplag e a AGE pensem que os incendiários aguardarão a chegada dos carros para atear fogo”, ironiza.
Segundo Dalce, a lentidão do processo é intencional e está ligada diretamente à falta de interesse do governo pela proteção dos parques. “Não temos dúvida de que o governo não só desvia recursos da área ambiental para outras que têm mais peso político, como atrasa intencionalmente processos de aquisição de equipamentos, regularização de terras etc. Se o processo fosse para asfaltar rodovias ou facilitar atividades econômicas, terminaria na metade do tempo.”, afirma a superintendente.