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78 focos de incêndio já atingiram o Parque Estadual do Rola Moça em 2014

78 focos de incêndio já atingiram o Parque Estadual do Rola Moça em 2014
Crédito: Brigadistas da Amda

Dejaneiro até agosto de 2014, 78 focos de incêndio atingiram o Parque Estadual daSerra do Rola Moça. O maior deles, que começou na manhã do dia 05 de agosto esó foi controlado na noite seguinte (6), destruiu 193,14 hectares de MataAtlântica que nos últimos 16 anos não era atingida por qualquer incêndio.


Deacordo com o gerente do Parque, Marcus Vinícius de Freitas, o fogo foidetectado logo quando começou, e o combate foi imediato, mas não conseguiuevitar que as chamas se espalhassem, principalmente em função das condições dotempo, seco e com fortes ventos, e ainda das condições do relevo local, muitoíngreme. Para o gerente, não há dúvidas de que o incêndio foi criminoso.


“”Tudofoi muito imediato, muitos voluntários oferecendo participação, muitosempresários oferecendo ajuda. As maiores dificuldades enfrentadas foramdecorrentes das condições de acesso, em função do relevo acidentado da área””.


Orisco de incêndios florestais em parques e reservas estaduais foi um dosassuntos discutidos, por sugestão da Amda, na última reunião do Plenário doCopam, realizada em 10 de julho. Na ocasião, Maria Dalce Ricas, superintendenteexecutiva da entidade, ressaltou a situação do Rola Moça, lembrando que aunidade de conservação operava com apenas um veículo, e em mal estado deconservação.


NoVetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Parque do RolaMoça, Estação Ecológica de Fechos, outras unidades de conservação e áreasnaturais, mesmo não protegidas legalmente, contam com a ação de três brigadasprofissionais (Amda/Gerdau, Terra Brasilis/Vale e Copasa), além de voluntários,como a ONG Brigada 1 e brigada voluntária da Amda. As brigadasprofissionais são equipadas com veículos e equipamentos próprios para combate.O Parque também conta com uma unidade do Corpo de Bombeiros, que ficalocalizada dentro da unidade de conservação.


AAmda tem alertado e cobrado do Instituto Estadual de Florestas (IEF) arealização de aceiros nas unidades de conservação, medida que além decontribuir para evitar incêndios, pode ser crucial no combate. No Rola Moça, aCopasa, que é co-responsável por sua gestão, por captar água em diversosmananciais dentro do Parque, também é responsável pela construção de parte dosaceiros de proteção. Segundo Sandro Rabelo de Andrade, coordenador da brigadada Copasa, os aceiros mecânicos foram construídos em algumas das áreas e osmanuais começaram a ser implantados nesta segunda-feira (11). Ele explica que ademora aconteceu porque a empresa que ganhou a licitação para realizar a obrafoi impugnada pela justiça.


“”ACopasa é responsável pela construção de aceiros em oito mananciais, mas aimpugnação da empresa atrasou o processo. Os aceiros deveriam ter sidoconstruídos entre os meses de maio e junho, e só agora o primeiro está sendoconstruído, porque a impugnação da empresa atrasou a obra.””, explica Sandro.


Entretanto,o biólogo Francisco Mourão, que é membro do Conselho Consultivo do Parque,lembra que os atrasos na construção dos aceiros têm sido recorrentes, e queembora a ausência deles não tenha interferido no caso deste último incêndio, afalta dos mesmos vem colocando outras áreas da unidade de conservação sob maiorrisco. O biólogo também conta que o Conselho Consultivo do Parque enviou, em 18de julho, solicitação formal à presidência da Copasa para agilização dostrabalhos.


ParaMaria Dalce Ricas, a Copasa deveria atuar muito mais na proteção dos mananciaisem que capta água no Estado. Tanto nas áreas que lhe pertence, quanto nas deterceiros que abrigam os mananciais. Mas, segundo ela, não é isto queacontece.


“”Umdos piores exemplos da ineficiência da Copasa é o manancial de Rio Manso. No que se refere à proteção das áreas de recarga e dos cursos d’água quealimentam o reservatório, sua ação é extremamente deficiente. Há um ano e meio,a Amda encaminhou correspondência à empresa denunciando o descaso com a área,verificado pela ausência de conservação das cercas de limites (permitindo aentrada de gado de terceiros), lançamento de grande quantidade de lixo (atéembalagens de agrotóxicos), que se acumula em vários pontos do reservatório,caça, pesca e desmatamento. Até hoje a entidade não recebeu qualquer respostada empresa. Situações como essa são comuns em vários outros mananciais””,afirma a superintendente.