Repercute: Mais de mil espécies brasileiras estão ameaçadas de extinção
Alerta vermelho para a fauna. Levantamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) identificou a existência de 1.051 animais ameaçados de extinção no país, em diferentes graus, entre as 7.647 espécies avaliadas. Os dados, relativos ao período entre 2010 e 2014, constam na Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira, trabalho que envolveu 929 especialistas, nacionais e estrangeiros. O estudo anterior é de 2003, quando 1.400 espécies foram avaliadas e 627 classificadas como ameaçadas.
O diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da biodiversidade do ICMBio, Marcelo Marcelino, justificou o aumento do número de animais ameaçados em função do crescimento de espécies identificadas no levantamento. No ano que vem, a expectativa é que o ICMBio tenha catalogado mais de 10 mil espécies. O diretor informou que o foco do instituto nos próximos meses é criar medidas para proteger animais que atualmente não possuem ação de conservação. “Nosso foco agora é ter planos para 282 espécies que hoje não têm ações de conservação ou não estão dentro de unidades de conservação, como parques e reservas ecológicas”, explicou.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informou, conforme informações do jornal Estado de Minas, que até 10% dos recursos arrecadados por compensação ambiental serão aplicados exclusivamente em projetos de conservação de animais e no investimento de unidades de conservação. Atualmente, os recursos são destinados a várias ações, mas sem determinação de valor específico para cada medida.
Teixeira também anunciou a criação de uma força-tarefa, formada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ICMBio e Polícia Federal, para combater a caça de fauna ameaçada, como peixe-boi da Amazônia, boto-cor-de-rosa, arara azul, onça pintada, tatu-bola, tubarões e arraias de água doce.
Flávia Soares, bióloga da Amda, lembra que os animais sofrem diversas ameaças, entre elas tráfico, atropelamento e caça, mas um dos principais fatores que contribui para a extinção de espécies é a destruição de seus hábitats naturais. “Acreditamos que a conservação da fauna está diretamente relacionada à criação e manutenção de unidades de conservação, assim como os corredores ecológicos entre essas áreas, garantindo espaço mínimo necessário à sobrevivência das espécies”, pontuou.
Sem risco
A lista do ICMBio também trouxe boas notícias: 77 espécies de animais da fauna brasileira não correm mais risco de extinção. Uma delas é a baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae). Em meados do século 20, sua população, anteriormente estimada em aproximadamente 25 mil exemplares, foi dizimada para cerca de 500 animais em função da caça predatória no Oceano Antártico – para onde as baleias migram entre dezembro e junho para se alimentar.
Em 1987 o governo brasileiro reproduziu uma moratória global à caça decretada no ano anterior pela Comissão Baleeira Internacional (CBI). Atualmente, a população de jubartes que visita anualmente o Nordeste brasileiro para se reproduzir é de aproximadamente 15 mil baleias – por isso a decisão de retirá-la da lista de espécies ameaçadas do Brasil.
