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Captação de volume morto do sistema Cantareira pode trazer à tona poluentes depositados no fundo das represas

Três especialistas em biologia e toxicidade em corpos d’água alertaram que a captação de água do volume morto do sistema Cantareira ameaça trazer à tona poluentes depositados no fundo das represas, onde se concentram contaminantes que não são tratados por sistemas convencionais para o abastecimento. A solução já foi cogitada pelo governo paulista diante da atual situação do Cantareira, a pior desde que foi criado, na década de 1970.

“Quando se cogita fazer o uso do volume morto, por causa das condições emergenciais de necessidades hídricas, antes que esteja disponível para o abastecimento público, deve passar por análise criteriosa e tratamento adequado para atendimento dos padrões normatizados de qualidade de água”, afirmam, em parecer, Dejanira de Franceschi de Angelis e Maria Aparecida Marin Morales, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Silvia Regina Gobbo, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).

Segundo as pesquisadoras, “quanto mais baixo o nível dos reservatórios, maior é a concentração de poluentes, recomendando maiores cuidados com seus múltiplos usos”. Entre os elementos citados que contaminam os mananciais há compostos inorgânicos (metais e outros agentes tóxicos), orgânicos altamente reativos com os sistemas biológicos (hidrocarbonetos aromáticos, biocidas e fármacos), microbiológicos (bactérias, fungos e protozoários patogênicos) e vírus.

Para os promotores do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema), a mortandade de mais de 20 toneladas de peixe no rio Piracicaba em fevereiro, provocada pela baixa vazão do manancial, foi “apenas um dos primeiros indicadores visuais da gravidade da situação, que, se persistir, poderá acarretar em impactos gravíssimos, muitas vezes irreversíveis”.

Diante desse cenário, nesta quarta-feira (9) o Ministério Público Estadual (MPE) negou à Agência Nacional de Águas (ANA) e ao Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) o pedido de prorrogação de 30 dias para que eles respondessem quais critérios serão adotados para a retirada da água do volume morto.

Conforme informações do jornal Estado de São Paulo, a Companhia do Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informou que tem todas as autorizações ambientais para a execução da obra de captação de água do volume morto. De acordo com a companhia, as obras foram iniciadas no dia 17 do mês passado nas represas Atibainha, em Nazaré Paulista, e Jaguari, em Bragança Paulista. A intervenção vai custar R$ 80 milhões e será concluída em dois meses. O volume de água que estará à disposição para abastecimento público é de 200 bilhões de litros. A reserva total é de 300 bilhões de litros, segundo a Sabesp.


Com informações do Estado de S. Paulo

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