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Canadá anuncia proibição das celas de gestação para suínos

Canadá anuncia proibição das celas de gestação para suínos
Celas de gestação / Crédito: reprodução vídeo campanha Arca Brasil

No início deste mês, o Canadá anunciou a proibição, em todo o território nacional, do confinamento contínuo de porcas reprodutoras em celas de gestação – pequenos cubículos de metal onde os animais não conseguem nem andar ou se virar. A proibição faz parte do novo Código de Conduta de Práticas e Manejo de Suínos, de autoria do Conselho Nacional de Práticas para Animais de Produção.

De acordo com a organização, as celas de gestação têm praticamente o mesmo tamanho dos corpos dos animais e os impedem até mesmo de se virar. Em sistemas industriais, as porcas são frequentemente confinadas em gaiolas durante todo o período de gestação. No final desse período, os animais são transferidas para gaiolas de parição e, posteriormente, são re-inseminadas e confinadas novamente em celas de gestação. Esse ciclo é repetido durante toda a vida do animal, resultando em anos de imobilização quase total. “A ciência mostra que as gaiolas de gestação resultam em uma maior probabilidade dos animais vivenciarem tédio, frustração, trauma psicológico e outros problemas de saúde, como infecções urinárias e claudicações. Ambos os fatos, se analisados de forma conjunta, sugerem que varejistas e produtores brasileiros poderiam se beneficiar com a adoção de sistemas de produção sem gaiolas de gestação”, disse Carolina Galvani, gerente sênior de campanhas de animais de produção da Humane Society International (HSI) no Brasil.

Após o anúncio, a HSI pediu que os produtores de suínos brasileiros comecem a eliminar progressivamente o uso contínuo das gaiolas e adotem métodos que promovam maior grau de bem-estar animal, como sistemas de alojamento em grupo. A organização defende que esses sistemas alternativos oferecem mais liberdade de movimento e permitem melhores condições em relação ao bem-estar animal.

“O Canadá se juntou a dezenas de outros países ao proibir o uso de gaiolas de gestação. Nós vemos esse anúncio como um acontecimento muito relevante a ser considerado pela indústria suína no Brasil. Diversos produtores de peso já estão implementando sistemas de gestação coletiva com sucesso, o que prova que esses sistemas são economicamente viáveis e que tal transição é possível no curto prazo”, afirmou Galvani.

Desde 2012, conforme informações do site da HSI, mais de 60 grandes empresas do setor alimentício – como McDonald’s, Subway e Burger King – se comprometeram publicamente a eliminar o uso das celas de gestação em suas cadeias de fornecimento nos EUA. Produtores suínos de peso no cenário internacional – como Smithfield Foods, Cargill, Hormel e Tyson Foods – também anunciaram recentemente planos de abandonar o uso das gaiolas.

O confinamento contínuo em gaiolas de gestação já foi proibido em nove estados norte-americanos e em toda a União Europeia. Na Nova Zelândia e na Austrália, a prática de confinar matrizes suínas será descontinuada em 2015 e 2017, respectivamente. O Território da Capital Australiana (ACT) recentemente também proibiu completamente o uso de gaiolas de gestação para suínos.

Campanha

No ano passado, a ONG Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca Brasil) lançou uma campanha para que a rede de fast-food McDonald’s abolisse o uso de celas de gestação. Em 2012, a rede se comprometeu com a mudança nos EUA, mas ainda não estendeu essa política ao Brasil.

A mobilização tem apoio da modelo e ex-VJ Ellen Jabour, o ator da TV Record Eduardo Pires e da atriz global Thaila Ayala, que divulgaram um vídeo no qual explicam e mostram imagens de como os animais vivem praticamente a vida toda nos cubículos.

Além do vídeo, também foi criada uma petição no site Change.org que hoje tem mais de 46 mil assinaturas. A Amda apoia a campanha contra as celas de gestação. Assine a petição e compartilhe com seus amigos!

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