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Entre 96 rios brasileiros, 41% têm qualidade ruim

A Fundação SOS Mata Atlântica avaliou a qualidade da água de 96 rios, córregos e lagos de sete estados das regiões Sul e Sudeste do país. Quarenta e um por cento deles foram classificados como ruins e péssimos. Apenas 11% dos rios e mananciais mostraram boa qualidade – todos localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas.

Segundo a ONG, as principais fontes de poluição e contaminação dos rios são decorrentes da falta de tratamento de esgoto doméstico, produtos químicos lançados nas redes públicas e da poluição proveniente do lixo.

Em São Paulo, foram realizadas 34 coletas em rios das 32 subprefeituras da cidade. O levantamento apontou que em fevereiro deste ano 23,53% dos rios tinham qualidade péssima, 58,82% estavam com qualidade ruim e 17,65% tinham qualidade regular. Nenhum rio teve índice bom ou ótimo. No Rio de Janeiro, foram analisados 15 pontos de coleta também em fevereiro e 100% das amostras eram ruins e regulares.

O estudo comparou os dados entre 2010 e 2014 de 88 pontos em 34 cidades de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o relatório, o número de rios de qualidade péssima caiu de 15 para sete no período; cursos d’água classificados como bom eram cinco e agora são 15; pontos analisados que tinham classificação regular caíram de 50 para 37.

Por outro lado, a quantidade de rios de qualidade ruim subiu de 18 para 29. “Não é que aumentou o ruim. Tivemos a diminuição da quantidade de classificações péssima”, disse Gustavo Veronesi, um dos organizadores do levantamento.

Escassez

O governador de São Paulo Geraldo Alckmin pediu à presidente Dilma Rousseff que a água do rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro e o Vale do Paraíba, seja despejada no Sistema Cantareira, que está em estado crítico devido à escassez das chuvas. A medida depende da autorização Agência Nacional de Águas (ANA).

Para a coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, a transposição não resolveria o problema da escassez. Ribeiro considera o método arriscado e que “não deve ser discutido no gabinete da presidente, mas sim com os integrantes das bacias hidrográficas”.

“Imagino que seja uma outorga emergencial, com tempo para começar e tempo para parar. Se for isso, é até compreensível, pois estamos em um estado de calamidade pública. Desta forma, uma região tem que socorrer a outra. Mas isso não pode ser tratado com normalidade, porque o Paraíba do Sul também tem nível baixo por conta das atividades que acontecem lá, como extração de areia e plantações de eucalipto. É como uma colcha que, se puxarmos, ficará pequena para todo mundo”, disse Ribeiro.