Alerta vermelho: degelo no Ártico aumenta cobertura vegetal
A paisagem branca do Ártico vem sendo tomada por pontos verdes e está preocupando cientistas. O fenômeno é decorrente do aquecimento global, que está derretendo o gelo e dando lugar à vegetação. Segundo pesquisadores da Universidade da Flórida, as áreas verdes são insuficientes para compensar a quantidade de carbono liberada com o derretimento do permafrost, camada congelada abaixo da superfície. Nesse nível do Ártico, há o dobro de CO2 armazenado, comparado ao que circula na atmosfera.
De acordo com Ted Schuur, diretor da Rede de Carbono do Permafrost e do Laboratório de Dinâmicas do Ecossistema da Universidade da Flórida, em princípio, o aumento do calor na região parece favorecer o ambiente. “Se você olha para o equilíbrio entre o que as plantas estão fazendo e o que o solo está fazendo, de fato a vegetação compensa tudo o que vem ocorrendo sob a superfície. A vegetação está crescendo mais rapidamente, ficando maior e sequestrando o carbono do ar. Sob a perspectiva das mudanças climáticas, essa é uma coisa boa: a tundra compensando qualquer CO2 que seja liberado do solo”, disse. O problema é que, no Ártico, os verões são muito curtos, ou seja, o efeito positivo passa rapidamente e não compensa os estragos que vêm sendo observados no subsolo da região.
Nos extremos polares, o permafrost é bastante vulnerável ao aquecimento global. Schuur e sua equipe estudam há três anos o primeiro modelo que simula os efeitos do aquecimento global sobre essa camada congelada. No inverno, de acordo com o pesquisador, as plantas perdem as folhas e ficam dormentes, mas os micróbios continuam a consumir o solo, liberando uma quantidade de carbono que anula qualquer benefício obtido no verão.
Os cientistas estimam que entre 20% e 90% do depósito de CO2 orgânico no permafrost pode ser decomposto por micróbios, que o convertem para gases de efeito estufa. Esses, por sua vez, aquecem a atmosfera, dando origem a um ciclo: quanto mais quente o planeta, mais gelo derretido.
A pesquisa de Schuur continuará nos próximos três anos na busca do ponto exato em que as plantas atingem um limite de crescimento e param de absorver carbono, enquanto o permafrost derretido continua a liberar o gás de efeito estufa.
Com informações do Estado de Minas