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Pesquisadores brasileiros desenvolvem método para extrair CO2 do ar

Um grupo de pesquisadores brasileiros da Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo, desenvolveu um método para extrair do ar o CO2, principal gás causador do efeito estufa. Tratam-se de sólidos de base mineral, mais eficientes do que o similar norte-americano, obrigatório em todas as geradoras de eletricidade e carvão dos Estados Unidos e recomendado pela União Europeia em uma diretriz sobre mudanças climáticas adotada em 2009. A Petrobras, por meio de seu programa Proclima, patrocina a pesquisa, que no ano que vem entra em uma nova fase, de estudos sobre a reciclagem do CO2 capturado.

Os sólidos têm uma capacidade maior de captura de carbono, por volume, que os líquidos usados nas estratégias comuns de sistemas de captura e armazenamento. E um deles ainda é capaz de gerar calor no processo, o que facilita sua reciclagem – a remoção do CO2 capturado para estocagem ou reaproveitamento como matéria-prima. “É um pó branco, parecido com talco. A versão desenvolvida nos Estados Unidos é líquida, corrosiva, tem forte odor e, como evapora, perde-se muito CO2 durante a reciclagem”, disse a professora Heloise Pastore, coordenadora da pesquisa. Ela espera que o produto seja utilizado nas torres de descarga de gases das refinarias da Petrobras, que investiu cerca de R$ 1 milhão na primeira fase do projeto. A ideia é evitar o escape do poluente durante a prospecção e transporte do petróleo.

A criação brasileira pode ajudar a barrar o avanço das emissões do gás carbônico no Brasil, que entre 2006 e 2012 aumentaram 40%, de acordo com o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases do Efeito Estufa (SEEG). “Não vamos conseguir parar de emitir CO2. Precisamos reduzir e controlar”, disse Pastore. Para ela, a única opção viável, em curto prazo, é o sequestro A pesquisadora lembra que os sólidos de base mineral não são apenas capazes de reduzir emissões futuras, capturando o carbono na fonte, mas também removendo o que já foi lançado na atmosfera. “Dá para retirar CO2 do ar em grande escala. É possível fazer grandes filtros e instalá-los nas casas, nas indústrias, dá para fazer uma grande quantidade de dispositivos. Depois de capturado, se pode recuperar o CO2 adsorvido e injetá-lo em depósitos geológicos, ou usá-lo como matéria-prima, como está previsto na segunda frase do projeto”, comentou.