Negociação internacional para criação de santuários marinhos na Antártica fracassa
6 de novembro de 2013
Mar de Ross
As negociações internacionais para criação de santuários marinhos na Antártica terminaram, mais uma vez, sem acordo. China e Rússia colocaram obstáculos à proteção dos ecossistemas, ameaçados pela pesca e pela navegação. Dois projetos estavam sobre a mesa com o objetivo de criar uma ampla reserva marinha com uma extensão equivalente à Índia, potencialmente a maior do mundo, povoada por cetáceos, mamíferos marinhos e pinguins, com mais de 16.000 espécies no total. Delegados de 24 países e da União Europeia se concentraram nas negociações em Hobart, na Tasmânia, nos últimos 10 dias, no encontro anual da Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR, na sigla em inglês) .
Os Estados Unidos e a Nova Zelândia propunham proteger uma vasta zona marítima de 1,25 milhão de quilômetros quadrados (km²) no Mar de Ross, uma imensa baía nas águas do Pacífico sob jurisdição neozelandesa. França, Austrália e Alemanha recomendavam, por sua vez, a criação de sete zonas marinhas protegidas na vertente oriental da Antártica, pelo lado do Oceano Índico, com uma extensão de 1,6 milhão de km².
Essa é a terceira vez que as negociações fracassam, durante o último ano, pois as propostas de áreas protegidas não obtiveram um acordo entre as nações que compõem a comissão. Antes, Rússia e Ucrânia já haviam questionado a legalidade dessas áreas protegidas. “O que temos assistido nos últimos anos é a erosão constante do espírito e do mandato da Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos para proteger o último ecossistema intacto do oceano que remanesce na Terra”, disse Farah Obaidullah, do Greenpeace.