Veterinário foragido da Justiça abandonou animais de sua clínica em BH há um mês
Após receber denúncias de mau cheiro vindo de uma clínica veterinária situada na avenida Antônio Eustáquio Piazza, no Tirol, região do Barreiro, em Belo Horizonte, policiais encontraram, ontem (31/10), nove cachorros em situação crítica. Os animais estavam abandonados há um mês, sem comida e sem água. As autoridades foram acionadas, mas não puderam resgatar os cães por questões legais. Os denunciantes relataram ainda que donos de animais internados na clínica estavam aflitos.
De acordo com relatos de agentes da Polícia Militar de Meio Ambiente e do Controle de Zoonoses, alguns cães estavam feridos e doentes. Em um freezer, havia corpos congelados de outros cachorros.
O veterinário e proprietário do estabelecimento, identificado apenas como Orlando, é considerado foragido da Justiça por dever pensão alimentícia à ex-mulher. Ele teria incumbido um homem, identificado como Caio, a limpar o lugar e tratar os cães, mas isso não estaria ocorrendo.
Segundo o sargento Daniel Carvalho, da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA), não foi possível recolher os cães ontem (31) porque há a necessidade de um mandado judicial. A PM solicitou a dois amigos do veterinário, presentes no local, que providenciassem o tratamento dos cães. Eles alegaram que os animais são do dono da clínica.
A PM registrou boletim de ocorrência por maus tratos na Delegacia Especializada em Crimes Ambientais. Segundo o Controle de Zoonoses, corpos de bichos podem ser congelados em clínicas até o recolhimento pela prefeitura.
Futuro
Durante a tarde de hoje (01), os animais serão recolhidos pela PMMA e levados para a Clínica Cães e Amigos, localizada na Pampulha, do veterinário Marcos Mourão. Ele relatou à Amda que a PMMA entrou em contato com diversas ONGs de Belo Horizonte, mas nenhuma aceitou receber os animais.
Mourão é também idealizador da ONG Asas e Amigos, que tem uma área reservada especialmente para receber animais vítimas do tráfico, “em fim de linha”, como ele mesmo descreve. Atualmente, ele e sua equipe cuidam de 480 bichos, entre eles um cavalo idoso queimado por um carroceiro que Mourão levou mais de um ano para curar as feridas; um pobre papagaio que não para de tremer vítima de estresse causado pelo tráfico; uma siriema mutilada para a qual ele adaptou uma perna mecânica; aves que, também devido ao contrabando, não se recuperaram psicologicamente e se automutilam arrancando as próprias penas; papagaios sem bicos; cachorros e jaboti que foram atropelados e outros tantos que dependem unicamente da boa vontade e compaixão do veterinário.
Para cuidar dos animais, Mourão tem uma despesa mensal que gira em torno de R$ 14 mil. Apesar das dificuldades financeiras, o veterinário vai receber os cachorros resgatados do Barreiro: “não posso abandoná-los. Eles não têm para onde ir”. Quer ajudar? Faça uma doação para a ONG! Dados: banco Itaú, agência 0689, conta corrente 02806-6.
