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Disseminação de pragas ameaça segurança alimentar mundial

Disseminação de pragas ameaça segurança alimentar mundial
Besouro Dendroctonus ponderosae

A disseminação crescente de pragas (insetos, fungos, bactérias, vírus etc), provocada principalmente pelo transporte de mercadorias, combinada à alta das temperaturas que favorecem sua aclimatação em novas latitudes, ameaça a segurança alimentar mundial. O alerta consta em estudo publicado este mês na revista Nature Climate Change.

Os cientistas de Exeter, no Reino Unido, acompanharam a progressão de 612 pragas no curso de 50 anos. Eles concluíram que os movimentos das pragas na direção dos polos norte e sul, em regiões que antes eram poupadas, ocorrem em paralelo à elevação das temperaturas, o que favorece sua instalação em uma nova latitude.

Os trabalhos mostram que pragas de todo tipo avançam cerca de três quilômetros ao ano em direção aos polos norte e sul e afetam inclusive o Brasil, um dos maiores exportadores agrícolas do mundo. Na América do Norte, por exemplo, o besouro do pinho (Dendroctonus ponderosae) se desenvolveu fortemente em latitudes mais elevadas, destruindo trechos importantes da floresta americana, sobretudo porque invernos menos rigorosos permitiram-lhe sobreviver na região.

“Se as pragas continuarem a se desenvolver em direção aos polos à medida em que a Terra esquenta, os efeitos combinados de uma população mundial crescente e das perdas de culturas cada vez mais importantes ameaçarão seriamente a segurança alimentar mundial”, disse Dan Bebber, da Universidade de Exeter.

A pesquisa também demonstrou a existência de um forte vínculo entre a elevação global das temperaturas ao longo dos últimos 50 anos e a implantação crescente das pragas. Sabendo que entre 10% e 16% das culturas mundiais já estão perdidas por causa da ação de parasitas, os autores calculam que a segurança alimentar mundial poderia, enfim, ser ameaçada por uma disseminação ainda mais importante das pragas.

Para Sarah Gurr, também da Universidade de Exeter, “são necessários grandes esforços para fiscalizar a disseminação das pragas e controlar sua migração de uma região para outra se quisermos deter a destruição contínua de culturas em um contexto de mudanças climáticas”.

Com informações do G1