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Esgoto contamina manancial em Nova Lima

A Estação Ecológica Fechos, um dos principais mananciais de abastecimento de água de Belo Horizonte, está ameaçada por esgoto clandestino. Parte dos detritos domésticos do Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte, têm como destino a rede de drenagem pluvial, que desemboca no Córrego Seco. O curso d’água fica na área de captação de Fechos, situada dentro do Parque Estadual Serra do Rola Moça, que fornece água para a maioria dos bairros da Região Centro-Sul da capital.

Uma análise feita em março no Córrego Seco, pelo Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), a pedido da comunidade do Condomínio Jardim Monte Verde, no Jardim Canadá, apontou concentração de coliformes 53 vezes maior do que a tolerável. O nível torna a água imprópria ao consumo humano.

Na última segundafeira, 05 de julho, a denúncia de irregularidade foi protocolada por moradores do Jardim Monte Verde junto ao Ministério Público Estadual (MPE). Na semana passada, eles também ajuizaram ação civil na Justiça de Nova Lima, cobrando atitude do município e da Copasa, inclusive com medidas que evitem a contaminação de poços artesianos que abastecem o condomínio.

O problema, que já havia sido denunciado em 2006 pela mídia, agravouse no decorrer dos anos. A população do bairro, que era de 3 mil pessoas na época, saltou para 10 mil moradores. Nesse período, a Copasa instalou a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), além de coletores de efluentes no bairro, que cobrem, segundo a empresa, 80% dos habitantes. No entanto, parte dos moradores recusase a fazer a ligação de suas casas com a rede, alegando encarecimento de 60% no valor da conta.

A alternativa tem sido, então, a manutenção de fossas e o despejo clandestino de detritos. De acordo com o presidente da Comissão de Síndicos do Jardim Monte Verde, Robert Laviola Vagliano, o impacto na natureza já é visível. “Quatis e veados mateiros vinham até aqui beber água. Meus filhos já não vão ver mais isso. A fauna acabou”, lamenta. Segundo ele, além da postura irresponsável adotada por parte da comunidade, também houve omissão da Copasa. “Por muito tempo, a ETE não operou porque o esgoto não chegava. A Copasa também havia se comprometido a monitorar os poços e até hoje não fez nada”, critica.

A Prefeitura de Nova Lima informa que tem fiscalizado ligações clandestinas de esgoto e, quando detectado o problema, notifica e autua os responsáveis. Por outro lado, reconhece a dificuldade em localizar as ligações. Em relação ao funcionamento da ETE, o órgão assume que houve dificuldades com o reator da estação, o que tem comprometido a operação. “Para fazer o reparo sem paralisar a atividade, é necessário retirar a peça e manter um CaminhãoETE, ao lado da estação. A Prefeitura aguarda a liberação do caminhão, que será feita pela empresa Vale”, informou a Prefeitura em nota.

Devido a restrições da lei eleitoral, a Copasa limitouse a informar que não há contaminação na captação do manancial de Fechos. Segundo a concessionária, a água está sendo encaminhada normalmente para tratamento na Estação de Morro Redondo, onde segue, em perfeita condição de consumo, para bairros da Região CentroSul de BH, como Mangabeiras, Belvedere e Sion.

* Com informações do Estado de Minas