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Belo Horizonte passa a ser protagonista na luta contra poluição atmosférica e aquecimento global

Entrou em funcionamento, nos últimos dias, a Estação de Aproveitamento de Biogás, que opera a queima controlada do metano – gás produzido durante a decomposição do lixo – no aterro sanitário da BR-040, no Bairro Jardim Filadélfia, Região Noroeste da capital. A unidade, primeira do tipo em Minas, será oficialmente inaugurada pelo prefeito Marcio Lacerda no mês que vem, quando também devem ser anunciados detalhes da construção de uma usina termelétrica, também no aterro, desativado desde 2007.

Considerado um dos maiores cemitérios de lixo do Brasil, com mais de 20 milhões de toneladas de detritos acumuladas em 30 anos de operação, o espaço aos poucos passa de inimigo das autoridades ambientais a objeto de cobiça de grandes empreendedores estrangeiros.

A exploração de gás no aterro foi terceirizada pela Prefeitura de BH a um grupo italiano, que pagou antecipadamente aos cofres municipais R$ 16 milhões. O consórcio Horizonte Asja será responsável pelo tratamento do metano e, em troca, vai receber certificados de redução de emissão do gás emitidos pelas Nações Unidas, como determinado pelo Protocolo de Kyotol.

Nesse primeiro momento, o metano é queimado de forma simples, sem aproveitar a energia que poderia ser gerada. Mesmo assim, a cidade ganha. O metano, antes lançado sem tratamento na atmosfera, é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico (CO2), produto de sua combustão. O próximo passo, a ser dado ainda este ano, é produzir energia a partir da queima do biogás.

A previsão é de que em outubro todo o gás produzido pela decomposição das 20 milhões de toneladas de lixo depositadas no aterro comece a ser usado para alimentar as turbinas da nova termelétrica. A usina terá capacidade de produção instalada de 5 megawatts (MW), o suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 40 mil habitantes ou uma região do tamanho do Barreiro, uma das mais populosas de BH.
O empreendimento, que vai funcionar paralelamente à Estação de Aproveitamento do Biogás, também está sendo construído pelo grupo italiano, com investimento de R$ 11 milhões. O consórcio está em negociação com a Cemig para a comercialização da energia.

A usina, assim como toda a estação, tem potencial médio de operação de 10 anos. Durante esse período, deixarão de ser lançados na atmosfera 4 milhões de toneladas de gás carbônico.

Reciclagem rentável

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que o Brasil poderia economizar cerca de R$ 8 bilhões por ano se reciclasse todos os resíduos hoje encaminhados aos lixões e aterros sanitários. Atualmente, a economia gerada com a reciclagem varia de R$ 1,5 bilhão a R$ 3 bilhões/ano, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Os dados foram apresentados na última semana, em reunião com as ministras Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, Márcia Lopes, do Desenvolvimento Social, e representantes do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal. Apenas 14% da população brasileira conta com coleta seletiva e somente 3% dos resíduos sólidos urbanos são destinados à reciclagem.