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Papagaio-chauá é monitorado no Vale do Rio Doce

O papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha), espécie endêmica da Mata Atlântica que figura na lista de espécies ameaçadas de extinção em Minas Gerais, está sendo monitorado para preservação no Vale do Rio Doce. O trabalho, realizado pela Usina Hidrelétrica de Aimorés-MG, é um dos programas ambientais desenvolvidos pela empresa.

De acordo com o diretor de Meio Ambiente e Operação da usina, Humberto Oliveira, o monitoramento que vem sendo realizado contribuiu para o levantamento de informações biológicas relevantes, o que possibilitou melhor conhecimento sobre a espécie, e desenvolvimento de ações de conservação. Ainda segundo o diretor, cerca de um R$ 1 milhão já foram investidos no projeto desde 2001, quando o projeto começou a ser executado.

“O estudo desenvolvido pode ser considerado o primeiro censo oficial da espécie em Minas Gerais”, afirmou Oliveira, acrescentando que o programa já monitorou o comportamento reprodutivo da espécie, efetuou biometria (medição e pesagem dos exemplares), anilhamento (marcação individual para identificação futura), sexagem (avaliação da quantidade de machos e fêmeas) e fez avaliações do ninho. O projeto realizou também medições através da radiotelemetria, tecnologia que permite avaliar deslocamentos realizados pelos indivíduos, através de um transmissor colocado no papagaio quando ainda filhote, e um receptor que capta o sinal, identificando assim a localização daquele indivíduo.

Oliveira relatou que em 36 meses o programa visitou 262 propriedades rurais, mapeou 339 pontos de amostragem e obteve um censo populacional de 1.251 indivíduos na região de Aimorés, Resplendor e Itueta, em Minas Gerais, e Baixo Guandu, no Espírito Santo. “O comportamento e os deslocamentos realizados pela espécie revelaram a necessidade de proteção dos remanescentes florestais da região. O papagaio-chauá precisa de florestas mais extensas e em avançado grau de regeneração”, enfatiza Oliveira. Outro fator determinante para redução da espécie é a captura de filhotes nos ninhos naturais, prática constante na região, que denuncia a necessidade de maior atuação dos órgãos de fiscalização.

Segundo o diretor, o projeto conta ainda com ações de educação ambiental nas propriedades visitadas, com intuito de conscientizar a comunidade quanto à necessidade de preservar a espécie papagaio-chauá em seu meio natural.

Raio-X da espécie

Pesando aproximadamente 400 gramas e medindo cerca de 37 centímetros de comprimento (desde o alto da cabeça até a ponta da cauda), o papagaio-chauá pertence à família Psittacidae, grupo que abrange araras, papagaios, periquitos e jandaias. Possui o corpo verde, loro laranja, bochecha azul, margem da asa amarelada, bico avermelhado e cabeça anterior e base da maxila intensamente vermelhas. Popularmente, é conhecido por vários nomes, como chauá-verdadeiro, jauá, acumatanga e camutanga. Ele é considerado substituto geográfico do papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) e da Amazona dufresniana, das Guianas.

Com hábito florestal e uma boa capacidade de dispersão aérea, explora o dossel (espécie de cobertura) de remanescentes florestais distintos, em busca de cavidades nos troncos das árvores para abrigo e nidificação, bem como de frutos para forrageamento (subsistência), principalmente, além de sementes, bagas e botões de flores. Porém, a exemplo de outras espécies do gênero Amazona, vem sofrendo intensa perda populacional, como consequência da supressão da Floresta Atlântica.

A bióloga Cláudia Apare”