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CNA que ser “vitrine ecológica”

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) lançou, na última quarta-feira (24/02), o projeto “Biomas”. O objetivo é instalar em cada um dos seis biomas brasileiros – cerrado, pampa, amazônico, mata atlântica, caatinga e pantanal – uma espécie de “vitrine tecnológica” que apoiará os produtores rurais no sentido de aumentar a produção de alimentos de forma sustentável.

A fase inicial do projeto, que será desenvolvido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), durará nove anos, contando desde já com aporte de R$ 20 milhões da CNA. “Vamos mostrar ao mundo que o Brasil não é apenas um grande produtor de alimentos, mas por uma produção agropecuária embasada em técnicas científicas e ambientalmente sustentáveis”, destacou a senadora Kátia Abreu (DEM), que também é presidente da Confederação Nacional de Agricultura.

Até o final deste ano, o Cerrado e a Mata Atlântica deverão receber suas vitrines tecnológicas. Durante o lançamento do projeto, a senadora Kátia Abreu (DEM) – aliada histórica dos produtores rurais – aproveitou para alfinetar o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. “Onde o produtor errou, onde foi exorbitado, vamos corrigir, mas quem vai determinar isto não será nenhuma ong, será a ciência”, disse ela.

Para os ambientalistas, essa iniciativa é, em princípio, positiva e pode significar “alguma mudança” na CNA – tida como um dos setores mais “arcaicos” e “conservadores” do país, no que se refere à conciliação entre atividades econômicas e respeito ao meio ambiente.

Para Maria Dalce Ricas, Superintendente executiva da Amda – “a idéia de âncora técnica para elaboração ou correção de leis é obviamente correta, desde que os parâmetros utilizados não sejam antropocentristas, desconsiderando direito dos animais silvestres, ou seja, pensando na proteção do meio ambiente, apenas sob a ótica de benefícios aos seres humanos”.

Entretanto, destaca ela, ainda é cedo para os ambientalistas acreditarem totalmente na iniciativa. “Temos muita desconfiança do setor agropecuário, por seu histórico ambiental negativo. E considero provocação, quando dizem que os ambientalistas é que fazem as leis. Podemos até interferir na sua elaboração, mas o setor privado é quem manda no país. Tanto é que até agora, o “meio ambiente” nunca foi empecilho para derrubarem as florestas, degradarem o solo e as águas”.