Esse projeto, desenvolvido através de convênio entre Amda, Sindaçucar e Instituto Estadual de Florestas (IEF), teve por objetivo a implantação de corredores ecológicos interligando duas importantes unidades de conservação (UCs) do extremo Norte de Minas Gerais: a RPPN Porto Cajueiro, de propriedade da Usina Coruripe, e o Parque Estadual Veredas do Peruaçu, de responsabilidade do IEF. As duas UCs abrangem expressivas reservas do bioma Cerrado ainda presentes na região Norte do território mineiro, incluindo significativa representação do ambiente de Veredas, que cortam os vales do Planalto Central Brasileiro.
A RPPN Porto Cajueiro, instituída em 2004, no nível estadual por portaria do IEF, possui área de aproximadamente 9.000 hectares, abrangendo importantes remanescentes de Cerrado, Cerradão e Veredas, junto ao rio Carinhanha, divisa entre os estados de Minas Gerais e Bahia. O Parque Estadual Veredas do Peruaçu, criado em 1994 pelo Governo de Minas Gerais, tem área de 30.702 hectares e encontra-se também inteiramente inserido no bioma Cerrado, apresentando um dos mais expressivos conjuntos de Veredas de Minas Gerais.
Através do projeto, pretende-se evitar que o avanço do processo de ocupação agropecuária na região acabe por provocar o isolamento geográfico de suas áreas, colocando em risco a sobrevivência de várias espécies da fauna silvestre dependentes de grandes superfícies de áreas naturais contínuas. A região de inserção dessas duas UCs está sendo severamente pressionada pelo avanço de atividades agro-silvopastoris, aumentando os riscos de extinção de espécies da flora e da fauna regional. Merecem destaque a ocorrência, na região, do lobo-guará, onças parda e pintada, caititu, queixada, tamanduá-bandeira e anta – todas inseridas na lista oficial de espécies ameaçadas – e cachorro-vinagre, registrado no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, animal que até então era dado como extinto em Minas Gerais. A conectividade entre as duas UCs, através de corredores ecológicos, será certamente fundamental para evitar esse isolamento.
A implantação de corredores constitui-se, cada vez mais, em importante estratégia para conservação da vida silvestre. Baseia-se na premissa de que populações de espécies da flora e fauna possuem menor probabilidade de sobrevivência em fragmentos de ambientes naturais isolados do que em fragmentos conectados entre si, principalmente a médio e longo prazo. Na impossibilidade de populações se conectarem, aumentará o número de cruzamentos endogâmicos (cruzamento entre indivíduos aparentados), diminuindo a variabilidade genética e aumentando a probabilidade de extinção local.
Entre as ações previstas no projeto estão: identificação de áreas fundamentais para constituição dos corredores/proteção da biodiversidade, cadastro de propriedades rurais existentes nessas áreas, elaboração de proposta de criação dos corredores e de mecanismos legais para sua proteção e, finalmente, proposição e planejamento de infraestruturas básicas de proteção dos mesmos.