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Fogo no Pantanal pode ter origem criminosa

Maioria dos incêndios partiu de propriedades rurais, revela investigação.

Fogo no Pantanal pode ter origem criminosa
Crédito: Mayke Toscano - Secom - MT

Conforme boletim do Ministério do Meio Ambiente, apenas na última semana, queimadas destruíram mais de 61 mil hectares na planície pantaneira. A área equivale a duas vezes a cidade de Belo Horizonte. Com os focos controlados, as autoridades estão investigando se o fogo no Pantanal pode ter origem criminosa.

De acordo com relatório divulgado pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul, com base em imagens de satélite, a maioria dos focos partiu de propriedades rurais. O órgão indicou 20 locais onde começaram grandes incêndios entre 14 de maio e 30 de junho. No total, 17 estão em Corumbá e três em Porto Murtinho (MS).

O Ministério Público investiga 12 fazendeiros responsáveis pelos imóveis onde as queimadas começaram. Os focos geraram 14 incêndios de grandes proporções, que queimaram 292,86 mil hectares, quase o dobro da área da cidade de São Paulo. As chamas atingiram uma terra indígena, três unidades de conservação e 177 outros imóveis.  

Andamento das investigações

A Polícia Militar Ambiental, Polícia Civil e outros órgãos do poder público atuam em conjunto para investigar as causas dos incêndios. À Folha, o Promotor de Justiça do Núcleo Ambiental do MP-MS Luciano Loubet, revelou que, em um dos casos, testemunhas afirmam terem visto o capataz de uma fazenda atear fogo na vegetação durante o manejo de uma colmeia.  

Dentre as fazendas investigadas, quatro estão ligadas a incêndios ocorridos em anos anteriores. Por outro lado, o Ministério Público estadual classificou como acidental a queimada causada por um suposto experimento científico da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

Em boletim, o Ministério do Meio Ambiente indicou que todas as queimadas ocorridas no bioma entre maio e junho são de origem humana. Não há registro de incêndios provocados por raios. O órgão salientou que o uso do fogo no Pantanal está proibido, por isso é considerado crime, passível de pena de dois a quatro anos de prisão.

Seca severa

De acordo com estudo inédito divulgado pelo WWF-Brasil, o Pantanal pode sofrer com a estiagem mais grave em cinco anos. Embora os quatro primeiros meses do ano sejam de cheia, a média de área coberta por água entre janeiro e abril deste ano foi de 400 mil hectares, índice menor do que o registrado no último período seco. Desde 2019, o bioma enfrenta a pior estiagem das últimas quatro décadas.