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Sem considerar danos ao Perd, deputados e Ministério da Agricultura destinarão R$ 1,2 milhão à reforma da Ponte Queimada

Sem considerar danos ao Perd, deputados e Ministério da Agricultura destinarão R$ 1,2 milhão à reforma da Ponte Queimada
Parque Estadual do Rio Doce. Crédito: Paloma Marques | Flickr

Em resposta a ofício enviado pela Amda questionando destinação de R$ 1,2 milhão para reforma da Ponte Queimada, localizada no Parque Estadual do Rio Doce (Perd), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) respondeu que o “município de Marliéria cumpriu com os requisitos legais, com a viabilidade técnica do projeto e sem impedimento legal que inviabilizasse o repasse”, e anexou documento da Semad/MG, sem assinatura, dispensando a obra de licenciamento ambiental.

O recurso é originado de emenda parlamentar, apresentada pela Dep. Rosangêla Reis, à revelia de considerações ambientais sobre o Perd. Para Dalce Ricas, superintendente da Amda, na prática, o dinheiro público será utilizado para colocar em risco a maior área de Mata Atlântica legalmente protegida em Minas Gerais.

A entidade enviou ofício também ao Ibama, indagando sobre sua participação na liberação do recurso sem prerrogativas ambientais. Por se tratar de Mata Atlântica, bioma protegido por lei federal, a entidade entende que a liberação teria de ser apreciada pelo mesmo.

A ponte liga estrada entre os municípios de Pingo D´Água e Marliéria, que atravessa a única área de mata primária do parque. Se for reformada, sem projeto técnico ambiental que preveja fechamento da estrada ao tráfego, garantido por vigilância 24 horas, permitindo somente veículos de brigadas e do IEF para educação ambiental, pesquisas, turismo controlado, os impactos ao parque serão devastadores.

Aumento de caça, que já é flagelo na UC, captura e atropelamento de animais silvestres, lixo, fogo, invasões, ruído e poeira passarão a fazer parte dos impactos já demonstrados por pesquisadores.  Inexplicavelmente e provavelmente por ordem do governador, a IEF autorizou a reforma.

Prefeituras de municípios ao redor do parque alegam que passando pela via o trajeto entre Marliéria e Pingo D’Água é menor, mas a estrada que passa por Revés de Belém também faz a ligação e o tempo de duração é de 12 minutos a menos, além de ser asfaltada.

Para a Amda, a abertura da estrada visa beneficiar especuladores imobiliários que invadiram a Zona de Amortecimento do parque e pretendem continuar derrubando a floresta para expansão.