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Espécie da vez

Brasil tem quatro espécies de macaco-aranha

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Brasil tem quatro espécies de macaco-aranha
Macaco-aranha-da-cara-vermelha (Ateles paniscus). Crédito: Leonardo Mercon/ iNaturalist

Conhecidos como macacos-aranha devido aos membros finos e longos, os integrantes do gênero Ateles são primatas exclusivos do continente Americano. No Brasil, esses animais são encontrados na Amazônia, onde passam a maior parte do tempo pendurando-se nos galhos das árvores. Eles utilizam a cauda preênsil como um quinto membro, forte o bastante para sustentar o próprio peso.

Das sete espécies do gênero, quatro vivem no Brasil: macaco-aranha-preto (Ateles chamek), macaco-aranha-da-testa-branca (Ateles marginatus), macaco-aranha-do-peito-amarelo (Ateles belzebuth) e macaco-aranha-da-cara-vermelha (Ateles paniscus).

Em sua anatomia, o macaco-aranha não possui o polegar, por isso seu gênero leva o nome “Ateles”, que significa “imperfeito”. Sociável, o animal vive em grupos de 20 a 30 indivíduos, embora seja difícil avistá-los todos juntos. Normalmente são flagrados quando estão viajando, se alimentando ou descansando. Os únicos que permanecem unidos são mães e filhotes.

Uma curiosidade é que, quando ficam longos períodos separados, costumam matar a saudade com abraços, lambidas e cheirando um ao outro. Ativos, eles percorrem vários quilômetros por dia. Vivem em matas densas e precisam de extensas áreas preservadas para sobreviverem. A área de vida de um macaco-aranha pode chegar a 350 hectares.

Características e reprodução

Junto dos muriquis, os macacos-aranha são os maiores primatas das Américas. Um indivíduo adulto pode alcançar entre 42 e 66 centímetros de comprimento, com cauda de até 88 centímetros, e pesar aproximadamente 10 quilos.

Fêmeas e machos atingem a maturidade sexual em torno dos quatro e cinco anos. As fêmeas dão à luz a um filhote por vez e, embora o nascimento de gêmeos seja possível, não ocorre com frequência. A gestação dura, aproximadamente, de 210 a 232 dias.

Dieta

Os macacos-aranha, junto dos macacos-barrigudos, são os que mais comem frutos dentre os primatas neotropicais. A dieta predominantemente frugívora também inclui, com menor frequência, folhas, flores, brotos, sementes, cascas de árvores, raízes aéreas, madeira em decomposição, fungos e invertebrados.

Como consomem grande quantidade de frutos e têm o hábito de engolir as sementes intactas, eles cumprem importante papel ecológico na dispersão de sementes e restauração de ecossistemas.

Conheça as 4 espécies de macaco-aranha existentes no Brasil:

Macaco-aranha-preto

Distribuição geográfica: encontrada no Brasil, nos estados do Pará, Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso, além de Bolívia e Peru, a espécie ocorre em uma área de aproximadamente 20.000 quilômetros quadrados (km²).

Ameaças: assentamentos rurais, agropecuária, desmatamento, aumento da matriz energética, expansão da malha viária, perda de habitat e caça. É categorizado como “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Descrição: a face e a pelagem do corpo são totalmente negras, com pelos curtos.

Macaco-aranha-da-cara-vermelha

Distribuição geográfica: com ocorrência restrita ao Norte do rio Amazonas e Leste dos rios Negro e Branco, a espécie pode ser vista na Guiana Francesa, Guiana, Suriname e Brasil, nos estados do Amapá, Pará e Roraima. Cerca de 60% de sua distribuição concentra-se nas terras baixas da Amazônia brasileira.

Ameaças: está ameaçado devido à perda de habitat causada pela expansão da agricultura, pecuária, mineração, hidrelétricas e construção de estradas, que contribuem com a caça. A espécie é listada como “vulnerável” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Descrição: possui pelagem completamente negra, que contrasta com a pele nua cor-de-rosa ou vermelho-clara da face.

Macaco-aranha-do-peito-amarelo

Distribuição geográfica: presente na Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, a espécie também pode ser encontrada no Brasil, nos estados do Amazonas e Roraima. Sua área de ocorrência ultrapassa os 81 mil km².

Ameaças: a caça é a principal ameaça à espécie, que é classificada como “vulnerável” pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

Descrição: possui pelagem predominantemente castanha, com o peito e pernas mais claras.

Macaco-aranha-da-testa-branca

Distribuição geográfica: a ocorrência da espécie sobrepõe-se ao arco do desmatamento, região com os maiores índices de destruição na Amazônia, entre o norte do Mato Grosso e sul do Pará. Exclusivamente brasileiro, o táxon só ocorre nesses dois estados.

Ameaças: avanço da agropecuária, expansão urbana, desmatamento, aumento da matriz energética e rodoviária, caça e perda de habitat. Esses fatores causaram, nas populações da espécie, declínio de pelo menos 50% ao longo de 45 anos, por isso está classificada como “em perigo” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Descrição: é totalmente negro, exceto por um triângulo branco na fronte e listras nos lados da face.

Referências:

Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I / 1. ed. Brasília, DF. ICMBio/MMA, 2018.

BARCELLOS, Jéssica Ferreira. Avaliação da dieta de macaco-aranha-de-testa-branca (ateles marginatus) no Zoo Pomerode-SC. 2019.

Mittermeier, R.A., Boubli, J.P., Urbani, B., Régis, T. & de Melo, F.R. 2021. Ateles paniscus. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas IUCN. 2021. Acessado em 17 de outubro de 2022.