Raposa-do-campo é único canídeo brasileiro exclusivo do Cerrado
Dona de pelagem que varia do amarronzado ao cinza, a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) chama a atenção pelos olhos atentos e curiosos. Considerada a única espécie brasileira de canídeo endêmica do Cerrado, a raposinha não ocorre em nenhum outro lugar do mundo. Trata-se de um dos menores cachorros selvagens do país, com comprimento médio de 60 centímetros e peso entre dois e quatro quilos.
Olhando de longe, a raposinha pode ser facilmente confundida com o cachorro-do-mato ou com o graxaim-do-campo. Para diferenciá-la das outras espécies, repare no formato de sua cabeça, focinho e peito, mais estreitos e menores. Assim como outras espécies de seu gênero, possui cauda com ponta enegrecida e base mais escura.
É uma espécie onívora, com dieta composta por cupins, besouros, gafanhotos, e, dependendo da época do ano, come frutos silvestres e pequenos mamíferos, além de lagartos, cobras, anuros e aves. O animal pode ser visto em atividade principalmente no final da tarde, quando está mais ativo, e ao amanhecer.
Uma curiosidade sobre as raposas-do-campo é que elas são solitárias e monogâmicas. Elas criam pares reprodutivos durante o acasalamento, que permanecem unidos durante a criação da prole. A gestação dura aproximadamente 50 dias e cada ninhada dá origem de dois a cinco filhotes. As fêmeas amamentam a cria até os 4 meses de vida.
100% brasileira
A raposa-do-campo, raposinha ou jaguarapitanga é uma espécie típica do Cerrado, que habita ambientes com vegetação mais rala e espaçada, como campos limpos, campos sujos e campos cerrados. A espécie pode ser encontrada no Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Tocantins e Bahia.
Devido à destruição dos ambientes onde vive, a espécie foi categorizada como vulnerável pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Nos últimos 40 anos, o Cerrado perdeu 50% de sua área, o que impacta diretamente as espécies que vivem no bioma. Além da perda de habitat, a raposinha sofre com atropelamentos, predação por cães domésticos, caça, doenças e alta mortalidade de filhotes.
Segundo estimativas, mais de 20% do seu habitat pode ser perdido em um período de 15 anos, o que representa três gerações. A destruição do Cerrado, somada a outras ameaças, coloca as populações da raposa no limite. Estima-se que o declínio populacional da espécie chegue a 30% nos próximos 15 anos.
Fonte:
Lemos, Frederico & Cavalcanti, Fernanda & Beisiegel, Beatriz & Jorge, Rodrigo & Cunha de Paula, Rogerio & Rodrigues, Flávio & Rodrigues, Livia. (2013). Avaliação do risco de extinção da Raposa-do-campo Lycalopex vetulus no Brasil. Biodiversidade Brasileira. 3. 160 – 171.