Urutau: ave-fantasma das florestas brasileiras
Ave noturna e misteriosa, dona de canto melancólico e fúnebre. Estamos falando do uratau, também conhecido como uruvati, cacuí e mãe-lua. Devido aos hábitos noturnos e a incrível habilidade de se camuflar em troncos de árvores, a espécie ficou conhecida como ave fantasma das florestas brasileiras.
Comum em bordas de florestas, campos com árvores e cerrados, o pássaro está presente em todo território brasileiro, inclusive dentro das cidades em locais mais arborizados, onde sua presença inusitada é frequentemente noticiada pelos jornais. É, antes de tudo, um desconhecido: mais é conhecido pela fama do que pela ave em si.
Além do Brasil, o urutau é encontrado desde a Costa Rica à Bolívia, e também na Argentina e no Uruguai. Engana-se quem pensa que só existe uma variedade da espécie. No Brasil ocorrem cinco, todas pertencentes ao gênero Nyctibiu, grupo restrito às regiões mais quentes do continente americano.
Ainda que tenha o hábito de pousar em locais abertos, permanece camuflado em troncos mortos e mourões de cerca. Além das penas marrons, que o faz ficar quase “invisível” em meio aos galhos secos, ele possui adaptação única em aves, chamada de “olho mágico”, em que o formato da pálpebra permite o pássaro enxergar mesmo de olhos fechados.
A espécie fica imóvel por longos períodos observando os arredores, atenta a qualquer aproximação. Com seu comportamento calmo e observador, o animal consegue capturar grandes besouros, mariposas e outros insetos com seus voos rasantes.
Características
O uratau é uma ave exclusivamente noturna, dotada de cabeça larga e achatada, corpo robusto, bico e pernas pequenos e enormes olhos. Medindo cerca de 33 centímetros e com peso entre 145 e 202 gramas, os indivíduos tem plumagens de cores diferentes, conhecidas como fase cinza e marrom.
Os adultos da fase cinza apresentam fronte, coroa e nuca castanha acinzentada com rajadas castanhas escuras, enquanto os ombros possuem estrias e manchas esbranquiçadas, listras e estrias marrons. Os adultos da fase marrom, apresentam o mesmo padrão de cor, porém o fundo da plumagem é amarronzado. Ambos os sexos, das duas fases, apresentam plumagens semelhantes.
Folclore
O uratau protagoniza diversos contos e crendices do folclore brasileiro e da mitologia sul-americana. Na Amazônia, acredita-se que as penas da cauda deste pássaro protegem a castidade, por isso as mães varrem debaixo das redes das meninas com uma vassoura confeccionada com estas penas.
Na Peru, o animal é conhecido como “ayaymama”, pois seu canto lembra uma criança exclamando “ai, ai, mama! ”. Reza a lenda que um bebê foi abandonado por sua mãe na floresta para evitar que morresse por uma peste que já havia dizimado seu povo. Ele então se transformou em uma ave, que todas as noites lamentava por sua mãe.
Fontes:
Wikiaves
Fernando Costa Straube, “Urutau: ave-fantasma” em Atualidades Ornitológicas nº 122, págs. 11 e 12 , nov./dez. 2004.