Espécie da vez

Morcegos são vitais para o equilíbrio ambiental

Morcegos são vitais para o equilíbrio ambiental
A raposa-voadora-de-óculos é uma espécie de morcego comum na Oceania/Crédito: R.J. Adams/ Inaturalist

Devido aos hábitos noturnos, os morcegos são, muitas vezes, tidos como perigosos e causadores de azar. Mas poucos sabem de sua importância na manutenção do equilíbrio ambiental. A maior parte não se alimenta de sangue, mas de frutos e insetos, por isso atua diretamente na dispersão de sementes, polinização de plantas e no controle de pragas urbanas e agrícolas.

Estudos sugerem que 25% das árvores de algumas regiões tropicais são dispersas pelos mamíferos com asas. Espécies da flora comuns em boa parte do Brasil, como o pequizeiro, abacateiro, goiabeira, mangueira e bananeira também têm suas flores polinizadas por morcegos.

A ordem para qual pertencem, Chiroptera, é uma das mais ricas do reino animal, abrangendo aproximadamente 1.200 espécies. Deste total, apenas três se alimentam de sangue. No território brasileiro podem ser encontradas 178 variedades, incluindo as hematófagas, isto é, as que precisam de sangue para sobreviver. Com alta longevidade, podem viver até 20 anos na natureza.

Conhecidos como ‘seres da noite’, suas retinas são pouco adaptadas à percepção das cores, mas isso não significa que são cegos. Geralmente, os morcegos utilizam a ecolocalização para se orientar. Trata-se da emissão de sons de alta frequência pela boca ou nariz para detectar a posição e/ou distância de objetos e animais. É assim que desviam de obstáculos e caçam na escuridão. Muitos destes sons, a audição humana não consegue captar.

Alimentação

Morcego-vampiro-comum (Desmodus rotundus), morcego-vampiro-de-asas-brancas (Diaemus youngi) e morcego-vampiro-de-pernas-peludas (Diphylla ecaudata) são as únicas espécies que se alimentam de sangue. Os três são neotropicais. Eles predam principalmente aves, cavalos, porcos e demais mamíferos, não tendo humanos como parte de sua dieta. Para sugar o sangue, fazem pequenos furos no corpo da presa, lançam um anticoagulante com a saliva e sorvem o sangue que flui para fora.

No geral, morcegos possuem dieta bem variada. Há espécies carnívoras, que se alimentam de pássaros, anfíbios, répteis, pequenos mamíferos e até grandes insetos; e também espécies que consomem basicamente frutos e insetos. Estima-se que algumas variedades insetívoras possam comer mais que o dobro de seu peso em apenas uma noite. Alguns capturam até 500 insetos por hora.

Reprodução

Geralmente as fêmeas dão a luz a um filhote por ano. A gestação dura de 44 dias a 11 meses e o nascimento da cria se dá em épocas com maior oferta de alimento. Os cuidados parentais são estendidos até os três meses de vida do filhote. Em cavernas, tocas de pedras e em ocos de árvores é que costumam construir seu lar. Em áreas urbanas, se abrigam na maior variedade de locais, incluindo pontes, toldos de construções e até interior de churrasqueiras.

Doenças

Parte do medo dos morcegos se deve principalmente à transmissão de raiva, porém especialistas destacam que o contágio pode se dar através de muitos outros animais, inclusive domésticos, que ficam mais próximos do homem. É difícil também encontrar casos comprovados em que morcegos transmitiram doenças a humanos.

Relembre o espécie da vez sobre a raposa-voadora-de-óculos, variedade de morcego comum na Oceania.