Maria-do-nordeste corre risco de extinção
A maria-do-nordeste (Hemitriccus mirandae), ave típica do Nordeste, praticamente desapareceu de seu habitat natural. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e o Ministério do Meio Ambiente, a ave está classificada como ameaçada de extinção, na categoria “vulnerável”, ou seja, enfrenta risco elevado de desaparecer em um futuro bem próximo.
Pequenina, amarela e parda, a ave é típica dos chamados “brejos de altitude”, localizados no estado do Ceará, Pernambuco e Paraíba. Associação Caatinga, Universidade Federal do Ceará e Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, iniciaram em setembro do ano passado um estudo para descobrir o paradeiro da maria-do-nordeste. O grupo pretende melhor entender a distribuição geográfica e tamanho populacional, além de reavaliar o status de conservação da espécie./p>
De acordo com a bióloga Flávia Guimarães Chaves, doutora em Ecologia e Evolução da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e responsável pelo estudo, as principais ameaças à espécie são a perda dehabitat, a degradação do meio ambiente, dificuldade de troca genética e as mudanças climáticas.
Segundo Chaves, aumento de temperatura e ausência de chuvas podem colocar a espécie em risco. “Por se encontrarem em áreas isoladas, que são serras distantes umas das outras, e não serem aves migratórias, também é praticamente impossível que haja uma troca genética entre as populações, o que contribui para uma diminuição da variabilidade genética da espécie”, alerta.
Até o momento, a maria-do-nordeste foi encontrada em 11 municípios dentre os 18 visitados pela equipe. “A princípio, as quatro regiões amostradas seriam Serra de Baturité, Serra de Ibiapina, Serra da Meruoca e Serra de Uruburetama. Infelizmente, a ausência de detecção da espécie nesta última serra impede que ela seja incluída no monitoramento do tamanho populacional. Observando a mata presente no local onde ela foi avistada anos atrás, percebemos que pouco resta”, lamenta a bióloga. Os últimos registros da ave em Uruburetama datam de 2007.