Papagaio-de-cara-roxa escolhe companheira e ninho para a vida toda
Quando encontra a companheira ideal, o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é fiel até a morte. A espécie endêmica pode ser encontrada na Floresta Atlântica, no trecho que vai do litoral sul de São Paulo ao litoral norte de Santa Catarina. Ameaçado de extinção, sua população total é estimada em 8 mil indivíduos. A maior parte, cerca de 6 mil aves, vive no litoral do Paraná.
Sua coloração encanta: verde, vermelho, roxo, azul e amarelo se misturam em seu corpo, que pode chegar a 36 centímetros de comprimento. O papagaio faz seu ninho nos ocos de árvores guanandi (Calophyllum brasiliensis) e palmeiras gerivá (Syagrus romanzoffianum) que, além de abrigo, fornecem os frutos dos quais se alimenta e também as sementes, folhas, néctar das flores, insetos e larvas.
O papagaio-de-cara-roxa vive em bandos nas florestas, preferindo as ilhas para repouso e reprodução. Seu ninho é feito no oco de árvores, onde o casal frequentemente fica junto. A fêmea coloca cerca de quatro ovos e os filhotes deixam o ninho após dois meses, aproximadamente. Uma das causas que agrava o risco de extinção dessa espécie é o fato de se reproduzirem sempre na mesma árvore. Quando ela é derrubada, o casal geralmente não procria mais, diferente de outros animais que buscam novos ninhos.
Outra ameaça aos papagaios, assim como a milhares de animais silvestres, é o tráfico ilegal. Retirados cruelmente da natureza, os bichos são contrabandeados até para fora do país, empacotados em grande quantidade em espaços insuficientes e muitas vezes sem comida ou água. Estima-se que nove entre dez animais capturados morrem antes de chegarem ao destino final.
Conservação
No final de 2014, a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, apresentou 1.173 espécies. Entre elas está o papagaio-de-cara-roxa, que saiu da categoria “vulnerável” para “quase ameaçada”.
A saída da ave de uma categoria mais preocupante demonstra que o trabalho de conservação está dando frutos. Uma dessas iniciativas é desenvolvida desde 1998 pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), por meio do projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa. O trabalho consiste em pesquisa e monitoramento das populações e é responsável pela construção e instalação de ninhos artificiais, com o propósito de facilitar a reprodução da espécie.
Em 2014, a SPVS monitorou cerca de 100 ninhos ativos, a maioria artificial, e registrou o nascimento de 107 filhotes. Ao longo de todo o projeto, foram registradas 1.200 atividades reprodutivas, 1.175 nascimentos, sendo que 675 obtiveram êxito reprodutivo. Com anos de monitoramento, a instituição estima que a população de papagaios vem se mantendo em torno de 5 mil espécimes.
O projeto inclui ainda a realização de atividades de educação ambiental, junto aos professores do ensino fundamental do município de Guaraqueçaba e visitantes da região; e incentivo ao ecoturismo e a meliponicultura. Todas as ações estão de acordo com o Plano Estadual de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa (IAP, 2009) e o Plano de Ação Nacional dos Papagaios da Mata Atlântica (ICMBio, 2011).
Fontes: Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, Wikiaves, O Eco, CicloVivo