Ronnie Gibson é exemplo de dedicação no combate a incêndios florestais
O vento que fez o fogo avançar sobre o Parque Estadual da Serra do Rola Moça e da Serra da Calçada, em um dos grandes incêndios que assolaram a região em 2011, foi o mesmo que deu novo rumo à vida do fotógrafo e monitor de arvorismo Ronnie Gibson. Em entrevista à Amda, Ronnie conta como tornou-se brigadista voluntário e referência quando o assunto é prevenção e combate a incêndios florestais.
“Quando vi todo o envolvimento da comunidade apoiando os brigadistas, senti que eu também precisava contribuir e apoiar essa causa”, afirma. Dedicação é palavra-chave para Ronnie, que sacrifica sua vida pessoal em prol da preservação dos ambientes naturais e não mede esforço físico, indo até o limite de sua resistência quando combate por dias e noites seguidas.
Para Ronnie, graças ao trabalho que realiza, hoje é outra pessoa e enxerga o mundo com outros olhos. Ele acredita que só educando as crianças que teremos um futuro melhor, mais “ecologicamente sustentável”.
Confira a entrevista completa:
Amda – Como coordenador da Brigada Carcará e um dos fundadores da Brigada Guará, você já deve ter atuado em centenas de ocorrências. Conte-nos como foi o início dessa história.
Ronnie – Tudo começou em 2011, quando um grande incêndio atingiu o Parque Estadual da Serra do Rola Moça e a Serra da Calçada. Minha casa faz divisa com a Serra Ouro Fino (zona de amortecimento do Rola Moça) e o fogo chegou até as paredes de minha residência recém construída. Junto com meus vizinhos, senti toda a impotência e o total despreparo perante tamanha calamidade. Foi quando apareceram aqueles seres de outro mundo: os “brigadistas”.
Acompanhei de perto a atuação da Amda, Brigada 1, Instituto Estadual de Florestas (IEF), entre outros. Fiquei muito admirado, mas quando vi todo o envolvimento da comunidade apoiando os brigadistas, senti que eu também precisava contribuir e apoiar essa causa. Busquei mais conhecimento, pois queria fazer parte daquela história. Motivado por apoiadores, passei a me envolver em ações das brigadas voluntárias de Casa Branca (Brumadinho) e com a união de todos acabei me apaixonando pela função.
Amda – Hoje, as brigadas estão entre as entidades mais ativas no combate a incêndios na região de Brumadinho, em Minas Gerais. Quais as principais conquistas e desafios enfrentados ao longo de sua trajetória como brigadista?
Ronnie – Creio que nossa maior dificuldade é convencer nossos governantes e as pessoas em geral sobre a importância de se manter investimentos permanentes nas brigadas florestais, sejam elas voluntárias ou profissionais, e em todas as comunidades.
Amda – E como você enxerga o envolvimento da comunidade local na prevenção e combate a incêndios?
Ronnie – Enxergo muito positivamente. É uma construção permanente e, com certeza, nossos trabalhos não seriam possíveis sem esse envolvimento.
Amda – O trabalho nas brigadas provavelmente te fez um combatente mais experiente. Mas, quanto esse trabalho te transformou enquanto pessoa?
Ronnie – É uma evolução constante, nunca estamos prontos, pois as situações que enfrentamos durante os trabalhos nos controles de incêndios florestais nunca se repetem, cada situação é um novo aprendizado e nós brigadistas estamos em constante evolução. Graças ao trabalho na brigada hoje sou outra pessoa e enxergo o mundo com outros olhos.
Amda – Compartilhe conosco algum fato inusitado ou que marcou sua memória de combatente.
Ronnie – Me marcou muito o encontro com senhor e suas duas netas “batendo ramos” para tentar proteger um galinheiro. Chegamos com dois sopradores e rapidamente controlamos o incêndio. Ao terminar o trabalho de rescaldo, fomos surpreendidos com um belo e farto jantar. A família ainda hoje apoia nossos trabalhos ativamente.
Amda – Fotógrafo, brigadista e aventureiro. Como é conciliar as paixões pela natureza, pelo combate a incêndios e a fotografia?
Ronnie – Não sobra muito tempo para fotografar. Em relação a incêndios, minhas imagens nos combate são todas feitas com o celular mesmo. Atualmente tenho me dedicado integralmente à Brigada Carcará.
Amda – E o que tem a dizer às pessoas que ateiam fogo em áreas naturais, causando prejuízos inestimáveis à natureza?
Ronnie – Pessoas que fazem isso, geralmente, têm outros ou fazem a mando de alguém. Estes estarão sujeitos às penas da lei. Vamos educar as nossas crianças, pois só assim teremos um mundo mais ecologicamente sustentável.