Mês da Mata Atlântica: conheça o bioma que é hotspot mundial
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Em 27 de maio foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica, bioma que que originalmente cobria toda a costa leste do Brasil, abrangendo 17 estados. A área ocupada pelo mesmo era de aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Desse total restam apenas cerca de 12%.
A Mata Atlântica é um verdadeiro tesouro de biodiversidade e um dos bioma mais ricos em diversidade do Brasil. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o bioma conta com aproximadamente 20 mil espécies da flora e mais de 2.040 da fauna. Entre seus representantes animais e vegetais estão o mico-leão-dourado, o muriqui-do-norte, a onça-pintada, a bromélia-imperial e a palmeira-juçara.
Considerada um hotspot mundial, isto é, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta, a Mata Atlântica foi decretada Reserva da Biosfera pela Unesco e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988.
Sua composição é um mosaico diversos ecossistemas associados, como as florestas ombrófilas densa, aberta e mista; florestas estacionais decíduas e semi decíduas campos de altitude (graminosos e rupestres), mangues, restingas, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.
Os campos rupestres da Mata Atlântica formados por vegetação sobre canga são encontrados somente em Minas Gerais, no Quadriláterro Ferrífero, abrigando espécies únicas e endêmicas.
A importância da conservação
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), hoje resta apenas 24% da floresta que existia originalmente, sendo que apenas 12,4% são florestas maduras e bem preservadas. O restante está extremamente fragmentado, com a maior parte dos remanescentes florestais não ultrapassando 50 hectares e em sua maioria isolados.
A Mata Atlântica presta serviços ecossistêmicos de valor inestimável à população, como regulação do clima, fornecimento de água, proteção de encostas e prevenção de desastres naturais, fertilidade e proteção do solo, além da produção de alimentos , madeira, fibras, óleos e medicamentos.
Mata Atlântica concentra metade da produção de alimentos no Brasil
Presente em 3.429 municípios, o bioma abriga 27% das terras agropecuárias, onde estão 40% dos estabelecimentos rurais do país. A Mata Atlântica tem grande participação na produção de commodities para exportação e responde pela maior parte da produção agrícola de consumo direto da população. Para atender a demanda por alimentos, o bioma foi exposto, por séculos, a um padrão de derrubada florestal, exaustão da capacidade produtiva e abertura de novas áreas.
Segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2017, a Mata Atlântica responde por:
- 30% da produção vegetal de fibras, látex e algodão;
- 43% da produção de soja, milho e cana-de-açúcar, culturas alimentares de consumo direto, indireto (ração de animais) e de energia;
- 90% do café conilon, 90% do feijão preto, 76% da aveia, 68% do tomate de mesa, 97% da maçã, 63% dos ovos, 63% da banana, 61% da cebola, 54% da batata, 88% do brócolis, 86% do chuchu;
- 62% de cabeças animais (bovinos, ovinos, aves, suínos), sendo 27% do rebanho bovino.
Embora seja responsável por aproximadamente metade da produção agropecuária nacional, a Mata Atlântica compreende apenas 26% das emissões de gases de efeito estufa do setor, tendo grande potencial para adoção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis.
A combinação de desmatamento zero, restauração florestal e sistemas agrícolas de baixa emissão podem fazer com que o bioma se torne neutro em carbono no setor de uso da terra, aponta pesquisa “Produção de Alimentos na Mata Atlântica”, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, com o apoio da Cátedra Josué de Castro.