Opinião

Um futuro dominado pelos combustíveis fósseis?

*Brenda Brito

Um Futuro Inquietante sobre o futuro num planeta dominado pelo lobby dos combustíveis fósseis.

O recente ataque às instituições ambientais brasileiras, por negarem licença para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, seria um prelúdio das cenas da série ou uma demonstração de outro futuro possível?

O ano é 2070 e o planeta já aqueceu 2,6 graus em relação aos níveis pré-industriais. Em algumas regiões do planeta, há toque de recolher durante o dia, pois a exposição ao sol durante alta temperatura causa danos cerebrais. Tentativas de geoengenharia e de captura e armazenamento de carbono falharam.

As florestas não resistiram a temperaturas extremas. A humanidade desenvolveu soluções para tratar as consequências das altas temperaturas na saúde, incluindo formas de amenizar doenças genéticas que atingem as novas gerações.

Porém, foi incapaz de fazer aquilo que seria a solução verdadeira para o problema: reduzir as emissões de gases do efeito estufa, especialmente trocar o uso de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis.

O parágrafo anterior junta algumas cenas de diferentes episódios da série de ficção Extrapolations – Um futuro inquietante, disponível na Apple TV. A série traz histórias de famílias, de amor, de fé que ocorrem em um mundo cada vez mais impactado pelo aumento da temperatura.

Há quem rejeite a estratégia de falar em cenários trágicos da crise climática, pois isso paralisaria as pessoas e não as convenceria a se engajar na causa. Para mim, já passamos dessa fase quando os cenários trágicos começaram a acontecer diante dos nossos olhos.

Um desses casos ocorreu há um ano em Recife, quando 133 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas e deslizamentos. No último dia 28 de maio, moradores de Recife realizaram protesto para lembrar das vítimas e cobrar ações para as pessoas que vivem em áreas de risco.

*Brenda Brito é Advogada, mestre e doutora em Ciência do Direito pela Universidade Stanford (EUA). Nascida e residente em Belém (PA), é pesquisadora associada do Imazon, atuando há 18 anos para o aprimoramento de leis e políticas ambientais e fundiárias para conservação da Floresta Amazônica.

Fonte: Plena Mata