Opinião

Primatas PERDidos: Conservação do Muriqui-do-norte

*Fabiano Rodrigues de Melo

**Vanessa Guimarães-Lopes

O muriqui-do-norte, maior primata das Américas, é uma espécie exclusiva da Mata Atlântica e possui uma população total inferior a 1.000 indivíduos, o que o tornou, em 2016, um dos 25 primatas mais ameaçados de extinção do mundo.

Considerando a crítica ameaça de extinção do muriqui-donorte devido à baixa densidade populacional, o ritmo lento de reprodução, somado à migração das fêmeas, sobretudo em áreas florestais isoladas que dificultam a continuidade de populações viáveis, reforçam argumentos frente à necessidade da conservação da espécie.

Além disso, os muriquis desempenham uma importante função nos ecossistemas, já que são excelentes dispersores de sementes, podem garantir a integridade e a conectividade das áreas de mata em que residem.

A presença desse primata em matas protegidas também é indicativa de boa qualidade ambiental, podendo considerá-lo como uma espécie guarda-chuva, já que favorece a conservação da paisagem e de outras espécies presentes no local.

Além de ser o maior macaco das Américas, este primata possui uma sociedade caracterizada pela harmonia, o que possibilita relacionar a sua imagem como uma espécie-bandeira da Mata Atlântica. Poucos estudos foram realizados sobre a espécie no Parque Estadual do Rio Doce (PERD), indicando a necessidade de pesquisas frequentes que irão apoiar a tomada de decisão e implementação de ações de mitigação de ameaças e de conservação, a fim de garantir a integridade populacional do muriqui-donorte em um dos poucos locais de sua ocorrência.

Os resultados dessas pesquisas também contemplam as ações prioritárias do Plano de Manejo do parque e do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-de-Coleira (PAN PPMA), ao qual estabelece estratégias prioritárias para conservação do muriqui, ampliando o conhecimento sobre a área de vida e ocorrência da espécie nessa região, indicando preditores ambientais e garantindo populações viáveis da espécie.

Espera-se que o PERD represente o local que possa contribuir substancialmente para a conservação do muriqui-do-norte, revertendo o declínio populacional da espécie e tornando-o símbolo de conservação para a comunidade local, sobretudo do Parque Estadual do Rio Doce.

*Fabiano Rodrigues de Melo é doutor em Ecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, pós-doutor pela University of Wisconsin (EUA) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

**Vanessa Guimarães-Lopespossui mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutorado pelo programa de ecologia e evolução na Universidade Federal de Goiás.

Referências

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ICMBio. L ivro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I / – 1. ed. – Brasília, DF: ICMBio/MMA, 2018. 492 p.

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