Opinião

Saiba a forma correta de descartar medicamentos

* Bruna Diniz Oliveira

Remédios não podem ser simplesmente jogados no lixo doméstico, pois podem contaminar água, solo e pessoas.

O descarte inadequado de medicamentos pode contaminar a água e o solo, oferecendo diversos riscos aos seres humanos, aos animais e ao meio ambiente. Mas, você sabe o que fazer com remédios vencidos ou que não serão mais utilizados? Esse é um questionamento comum da maioria das pessoas. E se engana quem pensa que itens de farmácia podem ser jogados fora como qualquer outro produto, seja no lixo comum, na pia ou no vaso sanitário. No entanto, há uma forma correta de dispensar os fármacos.

Para fazer o descarte de medicamentos de forma responsável, busque pontos de coleta disponíveis em farmácias e unidades de saúde. É importante mantê-los em sua embalagem original, ou seja, nas cartelas de comprimidos, cápsulas, tubos de pomadas ou cremes e frascos.

Já as embalagens secundárias, como caixas e bulas, podem ser descartadas no lixo comum, preferencialmente no reciclável, pois não possuem contato direto com os medicamentos e não oferecem riscos de contaminação. Ao chegar em um ponto de coleta, basta seguir as orientações de registro e de separação das embalagens, depositando-as nos locais indicados.

Após receber os medicamentos para descarte, a equipe faz a sua armazenagem em um recipiente exclusivo para esse fim. Essa iniciativa é chamada de “logística reversa”. O processo consiste no recolhimento do material por uma empresa parceira especializada e na incineração do material. Os resíduos gerados não representam mais riscos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.

Qual é o perigo de jogar remédio fora de forma errada

Caso os fármacos não sejam descartados de forma correta, podem oferecer riscos aos seres humanos, aos animais e ao meio ambiente. Segundo estudo conduzido pela Universidade de York, no Reino Unido, em 2022, mais de um quarto dos rios em todo o mundo está poluído por produtos como paracetamol, nicotina, cafeína, antibióticos, entre outros.

Esse é um cenário alarmante, uma vez que a exposição de ingredientes farmacêuticos ao meio ambiente pode prejudicar ecossistemas locais e, potencialmente, a saúde humana.

Se descartadas no lixo comum, as substâncias químicas dos medicamentos são levadas a aterros sanitários, comprometendo a qualidade do solo. Os componentes ainda podem penetrar no nível freático do terreno, poluindo o reservatório de águas subterrâneas. Essas contaminações podem ocasionar quadros de intoxicação e, até mesmo, o desenvolvimento de bactérias multirresistentes.

O perigo é ainda maior para quem manipula o material, como catadores e garis, que podem entrar em contato direto com as substâncias em decomposição e colocar a própria saúde em risco.

Remédios despejados no esgoto se diluem na água e se tornam quase impossíveis de serem eliminados via filtragem. Logo, a água é contaminada por agentes potencialmente nocivos e ainda pode retornar concentrada de resíduos aos fluxos de abastecimento aos cidadãos, mesmo após passar pelos processos de tratamento. De acordo com dados da companhia Brasil Health Service (BHS), apenas 1 kg de medicamento descartado no esgoto pode contaminar até 450 mil litros de água.

É fundamental saber como descartar corretamente os medicamentos. Tão importante quanto cuidar da nossa saúde é cuidar do meio ambiente, evitando poluí-lo. Ao dispensar uma substância potencialmente prejudicial de forma adequada, estamos fazendo o nosso papel e contribuindo para a preservação do nosso ecossistema.

Agora você já sabe: nada de jogar remédios no lixo, na pia ou no vaso sanitário. Procure os pontos de coleta em uma farmácia ou unidade de saúde para fazer o descarte de forma responsável e consciente.

* Bruna Diniz Oliveira é farmacêutica da Drogarias Pacheco

Fonte: O Tempo