Amazônia, de novo o pulmão do planeta
*Efraim Rodrigues
Um novo estudo da NASA, publicado na última semana, mostrou que a Amazônia absorve mais carbono que emite.
Porque a descoberta não é óbvia? Apesar das árvores retirarem carbono da atmosfera enquanto crescem, quando elas se decompõem, este carbono volta para a atmosfera.
Na escala da bacia amazônica, era impossível saber se a entrada era maior que a saída, até que uma equipe da NASA, liderada pelo pesquisador Fernando Espírito-Santo, usar um novo tipo de radar (LIDAR) com resolução suficiente para mapear clareiras de vários tamanhos, incluindo as muito pequenas. Veja o artigo aqui.
O estudo mostrou que a ocorrência de clareiras e morte de árvores é pequena o suficiente, e que a Amazônia não só umedece o ar de toda América do Sul com sua evaporação úmida, como também retém carbono, neutralizando uma parte de nossas emissões de carbono fóssil. Não chega a resolver o problema, já que mesmo com esta ajuda, os níveis de carbono não param de subir, mas sem ela, estaríamos ainda pior.
Também nesta semana, um estudo do governo norte-americano mostrou a tendência de aumento do uso de madeira para o aquecimento de residências. Veja aqui.
Ainda não se conhecem os efeitos de usar uma fonte de carbono renovável em substituição a uma fonte de carbono fóssil (gás ou óleo). Por um lado, se conseguirmos manter nosso consumo dentro do carbono que nós mesmo fixamos (nas florestas plantadas), isto será benéfico. No entanto, a madeira libera mais fuligem que aumenta a poluição do ar.
Enquanto não descobrem a solução, sigo rachando a lenha que sobrou da construção de minha casa, para o inverno e peneirando as cinzas que sobram para fertilizar a terra. Do jeito que a coisa vai, talvez eu vá ter que alimentar minha família com aquela pedacinho de chão, é bom estar preparado.
Curioso mesmo foi ver a Floresta Amazônica retornar ao trono de pulmão do planeta onde ela estava nos anos 70. Depois ela foi retirada de lá porque, pensava-se, o carbono fixado pelas florestas em crescimento seria compensado pelas emissões das árvores mortas. Dos anos 80 até esta semana, era kitsch chamar a Amazônia de pulmão.
A vida ficou mais fácil agora.
*Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU. Ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva.
Fonte: EcoDebate