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Parque Estadual do Rio Doce completou 80 anos e continua enfrentando ameaças

Abertura da estrada do Salão Dourado é a mais grave.

Parque Estadual do Rio Doce completou 80 anos e continua enfrentando ameaças
Crédito: Fernando Marino - Panoramio

Ao completar 80 anos de criação, o Parque Estadual do Rio Doce, além da caça, incêndios, invasão da sua Zona de Amortecimento, enfrenta perigosa ameaça: abertura ao tráfego da estrada do Salão Dourado, que atravessa sua única área de Mata Virgem, com presença de árvores gigantescas e antigas. E, inexplicavelmente, o IEF autorizou a prefeitura de Marliéria reconstruir a Ponte Queimada sobre o rio Doce.

Diante disto, a Amda, com apoio de 27 ONGs e pessoas físicas, como o ex-Ministro e ex-secretário de meio ambiente de Minas, José Carlos Carvalho, enviou representação ao MPE solicitando providências contra a recuperação da ponte, sem projeto técnico ambiental que preveja seu uso para tráfego de veículos somente do IEF, de brigadas, educação ambiental, turismo controlado. O projeto deve prever também, construção de guarita e garantia de vigilância armada. Estes pressupostos foram também recomendados pelo Conselho Consultivo do parque.

Encurtar a viagem entre Marliéria e Pingo D’Água é o argumento utilizado por prefeitos e políticos. O argumento é malicioso e de má fé, pois a estrada que passa por Revés de Belém também faz a ligação e o tempo de duração é de 12 minutos a menos, além de ser asfaltada.

A Amda considera que a autorização dada pelo IEF é ilegal e contradiz sua obrigação de zelar pelo Perd. Em ofício enviado à Amda em janeiro de 2022, o IEF  formalizou que a estrada não seria aberta ao tráfego, devido ao “Aumento/vulnerabilidade de incêndios florestais; facilitação da atuação (acesso e logística) de caçadores, pescadores, extratores ilegais e garimpeiros; Aaumento do atropelamento de fauna, aumento do ruído e afugentamento de fauna;  Aumento da fragmentação/efeito de borda nas florestas do parque; Ameaça de toda ordem antrópica na porção de mata atlântica primária existente no Parque, conhecida como Fazenda Campolina de cerca de 6.000 hectares, perfazendo toda a região da estrada do salão dourado e da ponte queimada.” No entanto, autorizou conserto da ponte sem qualquer explicação.

Para a Amda, a abertura da estrada, visa beneficiar especuladores imobiliários que invadiram a Zona de Amortecimento do parque e pretendem continuar derrubando a floresta para expansão urbana.

Em ofício, também apoiado por 23 instituições e pessoas físicas, a Amda solicitou ao diretor geral do IEF, Breno Lasmar, que revogue a autorização, mas até o momento não houve retorno.