Gerê: “Educação Ambiental é a minha vida”
O educador ambiental, professor e radialista Antônio Geraldo Alves Ribeiro, mais conhecido como Gerê, é pioneiro quando o assunto é unir educação e meio ambiente. Em entrevista à Amda, ele contou como educar, algo que inicialmente não estava em seus planos, mudou o rumo da sua vida. Gerê também falou sobre seu projeto “Nas Ondas do Rádio” e o olhar da sociedade para a educação ambiental.
Amda – Há quanto tempo, como e onde começou seu envolvimento com educação ambiental?
Gerê – Minha paixão por meio ambiente vem do ensino médio. A minha formação em Zootecnia pela Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) aconteceu devido a um panfleto que tinha os seguintes dizeres: “Zootecnia: adaptação econômica do animal ao meio ambiente”. Então eu disse: vou fazer isto. Isto em 1979.
Após formar em zootecnia, apareceu uma oportunidade de ser professor. Nunca imaginei ser professor. Mas essa oportunidade mudou minha forma de pensar. Amei ser professor e continuei fazendo isto. E faço até hoje.
A Educação Ambiental aconteceu em 1991, quando abriu uma vaga de Educador Ambiental na então, Arafertil. E o José Henrique Porto Silveira acreditou, naquele momento, que eu era uma pessoa “adequada” para tal função. E desculpe, tenho certeza que ele acertou em cheio. Amo o que faço, desde então. Educação Ambiental é a minha vida.
Amda – Fale um pouco sobre a diferença da aceitação da educação ambiental pela sociedade, escolas, empresas e poder público nos “tempos idos” e agora?
Gerê – A Educação Ambiental é uma formação continuada. Para que tenha resultado ela não pode parar. De forma alguma. Nas escolas com projetos realizados pelos professores, sempre focando a realidade local. Nas empresas, com programas de educação ambiental. No poder público, através de ações que ajudem a promover a qualidade de vida da população. E na sociedade, com bons exemplos.
Um exemplo que abrange tudo que foi descrito acima é a Gestão de Resíduos Sólidos em um município. Precisa de o poder público implementar e dar condições para que a gestão aconteça. Da sociedade/população, espera-se que cada um cumpra sua parte, fazendo a coleta seletiva em casa e entregando os resíduos recicláveis no dia da semana que a coleta passa no bairro.
Na escola, deve-se trabalhar com as crianças, conhecer a realidade delas e através de ações mostrar os impactos positivos de fazer a Gestão de Resíduos Sólidos de forma correta. E das empresas, além dos programas de educação ambiental, que a gestão de resíduos sólidos seja realizada dentro das normas e padrões ambientais exigidos por lei. E em todos os casos, a Gestão de Resíduos Sólidos começa com a NÃO GERAÇÃO, antes dos 5Rs.
Fazendo Educação Ambiental há mais de 30 anos, vejo que, o que foi feito até hoje trouxe bons resultados para a cidade. Mas que uma coisa não muda: não podemos parar. E sim continuar, para manter, melhorar e ampliar, tudo que conquistamos até hoje.
Amda – Seu projeto “Nas Ondas do Rádio”, é um sucesso? Como e quando começou?
Gerê – Já tinha, há uns 8 anos atrás, pensado em fazer um Programa de Educação Ambiental na rádio. Tinha comigo este pensamento: se, ao invés de falar com 30 pessoas numa atividade de Educação Ambiental (palestra, mesa redonda e outras atividades) eu, poderia falar com centenas delas, num mesmo momento. E isto seria possível através da rádio.
Então, em 2021, participando de um programa na Rádio Volt (87,9), falando de Educação Ambiental, o dono da emissora, Rodrigo Mendes me disse: porque você não faz um programa aqui na rádio?
Olhei para ele e disse: sobre o que?
Ele disse: sobre o que você quiser.
Eu devolvi: de Educação Ambiental. E vai chamar Educação Ambiental Nas Ondas Do Rádio. Será um podcast. De uma hora e meia de duração e aos sábados. E além disso, vamos fazer palestras nas escolas, participar de eventos ambientais que fomos convidados.
E ele disse: fechado. E no dia 18 de dezembro de 2021 começamos a fazer a Educomunicação na Rádio Volt. A educomunicação é uma área do conhecimento que atua na interface da educação e comunicação e tem como foco a formação crítica e reflexiva dos sujeitos (SCHAUN, 2002).
E o resultado foi a transmissão 14 podcasts entre os meses de dezembro de 2021 a dezembro de 2022. Acrescenta-se a isto, atividades de Educação Ambiental que atingiu o total de 8.531 pessoas, que visualizaram os podcasts no Facebook ou participaram de forma presencial das palestras, oficinas e dinâmicas realizadas em empresas, escolas e comunidade de Araxá e região.
E o alcance do programa nas redes sociais – LinkedIn, Instagram, Facebook e YouTube bateu a marca de 64.629 visualizações, que é um número significativo e que superou a expectativa para o primeiro ano do Programa. Foram 13 podcast em 2022 e diversas atividades em escolas de Araxá e região. Além de palestras em eventos e empresas.
Amda – Além deste projeto você está desenvolvendo outras atividades de educação ambiental? Pode citar e explicar um pouco?
Gerê –Trabalho numa empresa chamada VAZ Consultoria Ambiental e presto serviço no Programa de Educação Ambiental do Complexo Mínero Industrial da CBMM/COMIPA em Araxá-MG. Estou imensamente feliz e realizado de poder estar atuando com uma equipe fantástica de Educação Ambiental. Aprendendo muito, afinal como disse Sócrates: “Quanto mais você sabe, mais você percebe que nada sabe!”
Amda – Você percebe diferenças comportamentais da população de Araxá na área ambiental em relação a outras cidades. Por exemplo, “lixo nas ruas, cursos d´água, depredação de árvores.
Gerê – Com certeza. Tenho plena consciência que todo programa, projeto, atividade de Educação Ambiental que foi realizado em Araxá nas últimas décadas trouxe mudanças positivas para a sociedade. E para a cidade. A situação das áreas verdes urbanas, que estão presentes em diversos bairros da cidade, os cursos d’água e as nascentes urbanas, são exemplos disto. Claro que existem problemas nestes locais – lixo, erosão e etc. Mas, acredito, que a situação atual é positiva e que a Educação Ambiental tem grande participação neste resultado.
Fonte: SCHAUN, Angela. Educomunicação. Reflexões e Princípios. Rio de Janeiro: Maud, 2002.
