A Educação Ambiental como instrumento de serviço do meio ambiente
*Débora Barros Andrade
A Educação Ambiental (EA) busca estabelecer uma nova aliança entre a humanidade e a natureza, desenvolvendo uma nova definição, sendo diferente autodestruição, é uma ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável. Portanto, o papel da EA é fundamental para a efetiva mudança de atitudes, comportamentos e procedimentos, pois ela exige o componente ético nas relações econômicas, políticas e sociais.
Para Reigota (2004), a EA deve ser entendida como "educação política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza".
A problemática não está na quantidade de pessoas que existem no planeta e que necessitam consumir cada vez mais recursos naturais para sobreviver, em busca de alimentos, vestimentas e moradia, mas sim no excessivo consumo desses recursos por uma pequena parcela da humanidade e no desperdício e produção de artigos inúteis e nefastos à qualidade de vida. Assim, EA não se restringe meramente a trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Tem um caráter mais amplo, pois o compromisso é com uma construção de valores e comportamentos e que se propicie ao educando vislumbrar a verdadeira interação entre o ser humano e a natureza.
A conservação da biodiversidade não consiste apenas na proteção da vida silvestre e seus ecossistemas, ela garante a preservação de espécies animais e vegetais e dos recursos naturais, sendo as relações econômicas e culturais entre a humanidade e a natureza a prioridade.
Ela é mais ampla: trata da preservação das condições de vida do homem, por meio da manutenção dos sistemas naturais que sustentam a própria vida, o desenvolvimento sustentável, sendo uns dos caminhos para o desenvolvimento econômico sem extinguir a natureza.
A EA é o caminho correto de uma ligação entre o homem e a natureza, promovendo um vínculo saudável entre eles, a partir da visão respeitosa e democrática da importância de um para o outro, no contexto da vivência, valores e percepções sociais, culturais e econômicas de cada cidadão.
Para os Gregos, conforme Coura (2004), Educação era um processo de modelagem do indivíduo pela norma da comunidade. Na época helenística, a Educação era vista como o caminho para tornar o indivíduo independente e, até os nossos dias, a Educação tem-se restringido ao ensino de preceitos morais e à transmissão de conhecimentos e aptidões para o trabalho.
Educar vem do latim "educare": conduzir de um estado a outro, modificar numa certa direção. Cultura vem do verbo latino "colere", cultivar, criar, tomar conta, cuidar. A princípio, era entendida como aprimoramento da capacidade intelectual. Essa ideia de erudição tornava a cultura acessível apenas aos membros das classes nobres.
A partir do século XVIII cultura torna-se sinônimo de "civilização", englobando as Obras, as invenções e os avanços tecnológicos. Mais tarde, o termo torna-se mais amplo: abrange as relações humanas e transforma-se num complexo de com conhecimentos: religiosos, artísticos, jurídicos, morais e de costumes perpetuados pelo homem, de conceito elitista, a noção passa a patrimônio cultural da humanidade.
Pela educação o indivíduo compreende a si mesmo, ao outro e ao mundo no qual está inserido. Isso lhe possibilita encontrar um sentido para a vida, ao invés de ver-se como objeto atirado ao vazio, ao nada.
Os problemas de ordens ambientais precisam urgentemente ser debatidos discutidos para tomada de possíveis soluções, se todos tornarem-se agentes ativos no processo escolar frente à educação global terá um mundo melhor. O manual do MEC ?Consumo sustentável manual de educação? argumenta que:
A educação dos presentes e futuros cidadãos passa pelo fortalecimento da noção de que a solução dos problemas ambientais depende necessariamente do esforço compartilhado entre governos, setor produtivo e sociedade, atuando simultaneamente na esfera da produção e do consumo, em sua dimensão material e simbólica. Cada qual assumindo o compromisso ético de se reconhecer como parte do problema (mesmo que com pesos diferenciados) e, consequentemente, a responsabilidade pela construção de um modelo de desenvolvimento que seja sustentável, inclusivo, que enfrente as disparidades de renda, que crie oportunidades de acesso ao trabalho e promova a redução das assimetrias sociais provocadas por um modelo de desenvolvimento econômico que ainda nega oportunidades de consumo digno a um grande contingente de brasileiros ainda invisíveis para o mercado (Silva, Marina, & Genro, 2005, p. 07).
A população mundial e consequentemente a brasileira precisa urgentemente repensar a ação do consumo, observa-se uma geração de pessoas consumistas compulsivas, que acabam consumindo o que não precisam e o que não carecem, simplesmente por não conseguirem dizer não aos seus impulsos, a geração atual com a explosão tecnológica vivencia uma era do ter onde as crianças e adolescentes estão sendo criadas com a ausência do não, sem limites, sem saber o valor do ser. Essas atitudes preocupam, pois como vão cuidar de seu planeta sem saber o limite de suas ações.
*Débora Barros Andrade é Doutoranda em Ciências da Educação pela Unisal e Mestra em Ciências da Educação pela Unisal
Fonte: EcoDebate