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Pastagens cresceram mais de 363% na Amazônia

Abertura de pasto foi a maior causa do desmatamento na Amazônia nos últimos 39 anos, revela análise do MapBiomas.

Pastagens cresceram mais de 363% na Amazônia

Por meio de imagens de satélite, pesquisadores do MapBiomas constataram que as áreas de pastagens cresceram mais de 363% na Amazônia entre 1985 e 2023. Em 39 anos, o território ocupado pela atividade passou de 12,7 milhões para 59 milhões de hectares, abrangendo 14% de toda a floresta no ano passado.

A Amacro, região que inclui partes do Amazonas, Rondônia e Acre, concentrou 13% da perda líquida de vegetação nativa no período, totalizando 7 milhões de hectares, dos quais 6,9 milhões se tornaram pasto.

Os dados confirmam a tendência apontada pelos pesquisadores: a abertura de pastagens foi a maior causa do desmatamento na Amazônia em quatro décadas. De acordo com a análise, mais de 90% das áreas desmatadas no bioma foram primeiramente utilizadas para pastagem. Entre 1987 e 2020, 77% desses territórios deram origem ao pasto.

Tocantins, Maranhão e Rondônia lideraram a perda de áreas florestais para o pasto, ao passo que também são os estados com menor proporção de vegetação nativa do bioma amazônico. Somente no Tocantins, a área de pastagem subiu de 33% para 74%; no Maranhão, de 14% para 48%; e em Rondônia, de 6% para 39%.

“A quantidade de vegetação nativa removida nos últimos 39 anos é alarmante e a continuidade dessa perda pode levar a região ao chamado ponto de não retorno, ou tipping point. Nesse estágio, o bioma amazônico perderia sua capacidade de manter funções ecológicas essenciais e de se recuperar de distúrbios como queimadas e exploração madeireira, resultando em uma degradação irreversível da floresta”, alerta Jailson Soares, pesquisador do Imazon e MapBiomas.

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Agropecuária avança sobre a floresta

O levantamento alerta ainda para o avanço da agropecuária sobre as áreas úmidas amazônicas, que perderam 3,7 milhões de hectares (5,65%) em quatro décadas. Enquanto 3,1 milhões de hectares deram lugar ao pasto, 441 mil hectares viraram cultivos agrícolas na floresta entre 1985 e 2023.

Em 39 anos, a agropecuária cresceu 417% na Amazônia. Somente a agricultura expandiu sua área 47 vezes no período, passando de 154 mil para 7,3 milhões de hectares. A maior parte da vegetação nativa deu lugar à soja, que corresponde a 80,5% das plantações. Em 2023, o cultivo do grão já ocupava 5,9 milhões de hectares no bioma.

Embora a conversão de floresta para uso agrícola tenha atingido seu ápice em 2004, com a destruição de 147 mil hectares, o número caiu nos anos conseguintes por causa da moratória da soja.