Notícias

Parque do Rio Doce, a maior área de Mata Atlântica em Minas, sob grave ameaça

Parque do Rio Doce, a maior área de Mata Atlântica em Minas, sob grave ameaça
Crédito: Elizabete Lino/Amda

A Prefeitura de Marliéria publicou, no dia 11 de abril, licitação para reforma da Ponte Queimada, ignorando recomendações do Conselho Consultivo do Parque e de diversos pesquisadores quanto à necessidade de medidas que permitam controle de tráfego na estrada do Salão Dourado. Ela atravessa a Mata do Campolina, única mata primária da UC e provavelmente uma das poucas que restaram no Estado.

A Amda encaminhou hoje (17/4) representação às promotoras Mariana Cristina Pereira Melo, Coordenadora da bacia do Rio Doce, Bruna Bodoni Faccioli, Promotora de Timóteo, e Luciana Imaculada de Paula, Coordenadora Estadual de Defesa dos Animais (Ceda) solicitando suspensão do edital, até que seja garantida implantação de medidas de controle de tráfego na estrada do Salão Dourado. A mesma solicitação foi feita a Breno Lasmar, Diretor-Geral do IEF.

“Ninguém é contra a reforma da Ponte, mas ela não pode ser feita sem construção de portaria e contratação de funcionários para operá-la, pois o parque não tem recursos e nem mão-de-obra disponível. O Ministério da Agricultura, responsável pela destinação de recursos públicos para a reforma, com base no fato de dispensa do licenciamento pela Semad, recusou se envolver na polêmica e até o momento não se sabe se o IEF tomou alguma providência”, diz Dalce Ricas, superintendente da Amda.

A Amda lembra que é consenso que a reforma da Ponte é necessária para permitir deslocamento de brigadas de combate a incêndios, fiscalização, turismo controlado, educação ambiental e pesquisas científicas, mas não para tráfego “normal”.

Espécies como o jacu-estalo, criticamente ameaçadas, dependem de matas primárias para sobreviver. O Perd abriga grupos de muriqui, o maior primata do país, também criticamente ameaçado. Atropelamento, fogo, lixo, caça, poeira, barulho são as consequências fartamente conhecidas de abertura de rodovias.

A Supram Leste dispensou licenciamento da obra, baseando-se somente nos impactos diretos da construção, ignorando os gravíssimos danos sobre a fauna e flora que habitam o Perd, valiosa relíquia ambiental e científica da exuberante Mata Atlântica que cobria o Vale do Aço, caso não haja controle do tráfego na estrada.

A estrada está fechada ao tráfego há décadas. Diversos estudos mostram os riscos de sua abertura ao tráfego. O último deles, do professor da Ufla Alex Bager, por solicitação do MP. Em 17 de dezembro de 2014, o IEF informou à Amda, que “[…] até a presente data inexiste protocolo que verse sobre pleito de autorização para empreender reforma/restauro da Ponte Queimada, que se localiza no limite imediato do Parque Estadual do Rio Doce”.