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Nota de apoio à Marina Silva

Nota de apoio à Marina Silva
Crédito: Lula Marques/Agência Brasil

Pelos fatos abaixo narrados, pela história de lisura, coerência e compromisso socioambiental de Marina Silva, a Amda externa seu apoio a ela, repudia, condena e rejeita o comportamento de desrespeito, machismo, falta de educação e agressividades de parlamentares, ocorridos mais uma vez, ontem (27), no Senado.

“Ministra, você não merece respeito”. “Ponha-se no seu lugar”. São dois dos insultos proferidos contra a ministra durante sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado, sobre criação de unidades de conservação na margem equatorial.

O primeiro, pelo presidente da Comissão, Marcos Rogério. O outro, pelo Senador Plínio Valério, que já havia dito anteriormente “do desejo de enforcá-la”. Para completar, o Senador Omar Aziz acusou a ministra de ser responsável por mortes em Manaus, durante a pandemia da Covid 19, porque ela não deixou asfaltar a BR-389, o que impediu a chegada de equipamentos médicos.

Mesmo tendo ela lembrado que ficou 14 anos fora do governo – de 2008 a 2022 – o senador manteve as acusações. O Senador parece ter esquecido das fortes críticas que fez, como presidente da CPI da Covid, ao então presidente Bolsonaro, pela falta de empenho em enviar os necessários equipamentos e medicamentos de emergência a Manaus. Omitiu ainda que em situação de emergência como a que o país passou naquela época, equipamentos e medicamentos eram transportados por aeronaves.

Marcos Rogério cortou por várias vezes o som do microfone da ministra quando ela tentava responder aos insultos de Plínio Valério e Omar Aziz. Mas não fez o mesmo com esses dois parlamentares, que falaram o que quiseram, muitas vezes, interrompendo sua fala. E, quando Marina decidiu se retirar, disse com cinismo e de forma ameaçadora que ela seria convocada em próxima sessão.

A presença na audiência do Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, e os documentos que a ministra levou mostram seu interesse em informar os senadores sobre o assunto da pauta. Mas o que deveria ser oportunidade para diálogo e esclarecimentos técnicos se transformou em grosseria e acusações injustas contra ela, mostrando que informações técnicas não interessam quando o fim é político e o comprometimento, eleitoreiro.

A reação de apoio à Marina pela maior parte da imprensa foi maciça. Ronilso Pacheco, colunista do site UOL, disse “[…] este não é apenas o Congresso mais conservador da história, ele é o Congresso com a maior ocupação de extremistas interesseiros, antigênero, racistas e autoritários da história”.

Saíram em defesa da ministra durante a seção apenas a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que acusou Marcos Rogério de machismo e de ter desrespeitado Marina, além do líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), que criticou os ataques à ministra Marina. Os demais ficaram calados, como se aprovassem os insultos.

Além do viés machista, os ataques à Marina, carregados de ódio, provavelmente refletem a postura de ignorância e raiva contra restrições ambientais a projetos estruturais e econômicos, que não incluem respeito e cuidados com o meio ambiente e populações tradicionais em seus aspectos básicos. A Ministra virou o alvo de políticos e setores que não aceitam licenciamento ambiental.

Por fim, vale lembrar que o respeito tem de preceder a qualquer título ou gênero. O Senador Marcos Rogério cobrou “postura de ministra” à Marina, mas esqueceu que como Senador da República tem a mesma obrigação.