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Mamíferos do Cerrado são pouco conhecidos pela ciência

Maior parte das espécies estudadas ocorre na divisa com a Mata Atlântica.

Mamíferos do Cerrado são pouco conhecidos pela ciência
Cachorro-do-mato | Crédito: iNaturalist

Um levantamento inédito apontou a deficiência de dados científicos sobre mamíferos do Cerrado de médio e grande porte em pelo menos 70% do bioma. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Federal de Lavras (UFLA), do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), revelou que a maior parte dos estudos concentra-se na divisa do Cerrado com a Mata Atlântica, deixando de fora importantes áreas da savana brasileira.

A região com maior carência de informações abrange os estados do Maranhão, Bahia, Piauí, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Rondônia. O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) é o mamífero mais citado nas publicações. Entretanto, diversos outros mamíferos são pouco estudados, especialmente aqueles que ocorrem no Norte do Cerrado.

Publicado na revista científica Biota Neotropica, o trabalho analisou décadas de publicações em bases de dados como Scopus, Web of Science e Google Acadêmico. A equipe identificou 116 espécies catalogadas nos dois biomas, das quais nove estão ameaçadas de extinção. O levantamento alerta para a dificuldade de planejar políticas de conservação diante da falta de informações sobre os animais em toda sua área de ocorrência.

A situação é preocupante, pois muitas espécies podem estar em risco de extinção, principalmente em função do avanço da agropecuária. De acordo com um estudo do WWF-Brasil, a conversão da vegetação nativa em cultivos e pastagens é a principal ameaça à biodiversidade na Amazônia e Cerrado.

Segundo os autores, é urgente investir em ciência para preencher essas lacunas e ampliar o conhecimento sobre o Cerrado. Juntos, o Cerrado e a Mata Atlântica cobrem cerca de 40% do território brasileiro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, esses ecossistemas são fundamentais para a conservação da biodiversidade no país.

“Existe uma ideia estabelecida de que já conhecemos a diversidade brasileira e que podemos diminuir os esforços em pesquisas básicas. Porém, nossos resultados mostram que é necessário continuar investindo em ciência, mesmo em biomas considerados bem estudados”, afirma Luciano Querido, pesquisador do Inpa.

Com informações de Agência Bori.

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