Filhote de muriqui-do-norte nasce em Minas Gerais
Espécie está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo.
Um filhote de muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) nasceu em Minas Gerais. A pequena fêmea, batizada de Elis, representa uma esperança renovada para a conservação do primata, criticamente ameaçado de extinção.
Fernanda Pedreira Tabacow, coordenadora do projeto Muriquis do Sossego, conta que Elis é o terceiro filhote de muriqui-do-norte nascido na reserva, que abriga um grupo de aproximadamente 30 animais.
O projeto, estabelecido na Mata do Sossego, em Simonésia, na Zona da Mata mineira, tem o objetivo de desenvolver estratégias para salvar a espécie da extinção. Por isso, a equipe coloca nos muriquis um colar que ajuda a conhecer melhor os aspectos populacionais, biológicos e ecológicos da espécie.
A região é um fragmento de floresta com duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Uma delas é a Mata do Sossego, criada e mantida pela Fundação Biodiversitas, enquanto a outra é a RPPN Sossego do Muriqui, administrada pela Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA).
A Mata do Sossego é um dos últimos fragmentos contínuos de Mata Atlântica do Leste de Minas com ocorrência da espécie. O muriqui enfrenta a mesma ameaça que o bioma, uma vez que só restam aproximadamente 12% da distribuição original da Mata Atlântica.
Os muriquis
Conhecidos também como mono-carvoeiros e buriquis, os muriquis são os maiores primatas das Américas. Seu gênero, Brachyteles, possui duas espécies: o muriqui-do-norte e o muriqui-do-sul. Endêmicos da Mata Atlântica, eles ocorrem somente no Brasil. Enquanto o do norte está presente no Espírito Santo, em Minas Gerais e na Bahia, o do sul é restrito aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
O muriqui é um dispersor fundamental de sementes, uma vez que ajuda a manter a diversidade vegetal nas florestas onde vive. Em um único dia, esses primatas podem dispersar sementes de várias espécies de plantas, auxiliando diretamente na regeneração da Mata Atlântica.