Degradação na Amazônia é a maior dos últimos 15 anos
O aumento é 15 vezes mais que mesmo período de 2023

Em setembro, a degradação da Amazônia chegou aos 20.238km². A área é a maior já registrada nos últimos 15 anos. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), esse número representa um aumento de 15 vezes em relação ao mesmo período de 2023, quando a degradação somou 1.347 km².
Desde 2008, o Imazon monitora o desmatamento e a degradação florestal na Amazônia através de satélites. De acordo com dados, setembro foi o quarto mês consecutivo com aumento nas áreas degradadas. Isso contribuiu para que o acumulado desde janeiro também fosse o maior dos últimos quinze anos, atingindo 26.246 km². Antes disso, o recorde para o período era de 2022, quando a degradação somou 6.869 km². Ou seja: quase quatro vezes menos do que em 2024.
Larissa Amorim, pesquisadora do Instituto, conta que setembro é historicamente um mês crítico devido à seca. Contudo, o aumento superou os números registrados em 2024.
“Setembro costuma ser um mês marcado pelo aumento dessas práticas na Amazônia, por estar dentro de um período mais seco. Porém, os números registrados em 2024 são muito mais elevados do que os vistos anteriormente. E a maioria dos alertas ocorreu devido à intensificação dos incêndios florestais. ”
Leia+ Incêndios florestais se espalham no Brasil em meio à seca
Pará lidera os índices de degradação
O Pará concentrou 57% da degradação da Amazônia registrada em setembro, um aumento impressionante em relação ao ano anterior. As áreas degradadas do estado saltaram de 196 km² em 2023 para 11.558 km² em 2024, quase 60 vezes mais. Sete dos dez municípios que mais contribuíram com a perda de floresta estão no Pará, incluindo São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte e Novo Progresso, que lideram o ranking.
Outros estados com números alarmantes são Mato Grosso (25%), Rondônia (10%) e Amazonas (7%). Em Rondônia, por exemplo, a degradação subiu de 50 km² em setembro de 2023 para 1.907 km² neste ano, um aumento de 38 vezes.
Carlos Souza Jr., coordenador do programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, destaca que o Pará também foi o estado com mais unidades de conservação afetadas: sete dos dez territórios com maiores áreas degradadas estão em solo paraense.
“Historicamente no período de setembro, Mato Grosso costumava liderar como o estado que mais degradava a Amazônia. Porém, em 2024, o Pará surpreendeu com números muito altos. Ainda em setembro, foi decretada situação de emergência e proibido o uso de fogo, mas precisamos que essa decisão seja acompanhada de fiscalização e responsabilização dos culpados para que seja mais eficaz”, afirma Carlos.
Desmatamento também em alta
Além da degradação, o desmatamento na Amazônia apresentou crescimento em setembro, com 547 km² de floresta derrubados. Embora o aumento tenha sido de apenas 0,2% em relação ao mesmo mês de 2023, o acumulado de janeiro a setembro chegou a 3.071 km², o oitavo maior da série histórica.
Novamente, o Pará liderou os índices, respondendo por 52% da devastação, seguido pelo Amazonas (16%) e Acre (15%). Unidades de conservação, terras indígenas e assentamentos foram os territórios mais impactados pela retirada de vegetação.
“No mês de setembro, o território paraense liderou o desmatamento destruindo uma área corresponde a 970 campos de futebol de floresta por dia. Todo esse impacto está refletido nos municípios, assentamentos, unidades de conservação e terras indígenas. Por isso, é urgente investir em ações eficazes e integradas que protejam a região, como o investimento nos órgãos ambientais de fiscalização. Assim, será possível combater as mudanças climáticas que são impulsionadas pela retirada de vegetação e oferecer uma maior proteção à biodiversidade e aos povos que habitam a floresta”, alerta o coordenador.