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Brasil é o maior poluidor dos oceanos na América Latina

Relatório mostra que o país despeja 1,3 milhão de toneladas de resíduos plásticos no oceano por ano.

Brasil é o maior poluidor dos oceanos na América Latina
Foto: Freepik

A poluição por plásticos é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a segunda maior ameaça à biodiversidade global, ficando atrás apenas das mudanças climáticas. Na América Latina, Brasil é o maior poluidor dos oceanos, uma vez que descarta cerca de 1,3 milhão de toneladas de resíduos plásticos anualmente. 

Os dados constam no relatório Fragmentos da Destruição: Impactos da Poluição Plástica à Biodiversidade Marinha Brasileira, produzido pela Oceana Brasil. Conforme o ranking global, o país ocupa o oitavo lugar entre os maiores poluidores de plástico no mundo. Ou seja, o país é responsável por 8% da poluição global dos oceanos.  

A principal causa desse volume elevado é a ausência de uma gestão eficiente de resíduos sólidos e a inexistência de legislação específica que limite a produção e o descarte de plásticos descartáveis. O relatório aponta que o Brasil gera anualmente 2,95 milhões de toneladas de itens plásticos de uso único, como copos, sacolas e garrafas, equivalentes a 500 bilhões de unidades. Desse total, apenas 1% é reciclado. O restante acaba em lixões, rios e, consequentemente, no mar.  

“O plástico que polui nossos mares chega por conta de um modelo que precisa ser urgentemente substituído”, alerta Ademilson Zamboni, diretor-geral da Oceana. 

Além disso, 70% dos resíduos coletados nas praias brasileiras são plásticos, principalmente embalagens de alimentos. O descarte direto em rios, a ação de chuvas e ventos e perdas durante a produção e transporte de materiais plásticos também são responsáveis por essa poluição.  

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Ameaças à vida marinha

Os efeitos da poluição na biodiversidade marinha são inúmeros. De acordo com o relatório, mais de 200 espécies marinhas brasileiras já ingeriram plástico. A lista inclui peixes, aves, tartarugas, mamíferos, crustáceos e moluscos. Nos rios amazônicos, pesquisadores encontraram plástico nas brânquias e no intestino de 98% de 14 espécies.

A ingestão de resíduos plásticos pode causar obstruções intestinais, perfurações de órgãos, desnutrição e morte. Em tartarugas-verdes, cada grama de plástico ingerido aumenta em até 450% o risco de definhamento. Entre aves e mamíferos marinhos analisados pelo Projeto de Monitoramento de Praias, 49 das 99 espécies tinham plástico no estômago.  

O plástico também apresenta riscos de bioacumulação em cadeias alimentares. Espécies também usadas para alimentação dos seres humanos, como o camarão-rosa e a tainha, acumulam partículas plásticas. Isso representa riscos não apenas para a fauna, mas também para a saúde humana.  

Para mitigar os impactos da poluição plástica, a Oceana defende a aprovação do Projeto de Lei 2524/2022, que propõe a implementação de uma economia circular do plástico. O PL, atualmente parado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, pode ajudar a reduzir a produção de resíduos e proteger os ecossistemas marinhos.