Notícias

Begônia é redescoberta em Alcatrazes após 104 anos

Primeira e única coleta da espécie conhecida como Begonia Iarorum aconteceu em 1920.

Begônia é redescoberta em Alcatrazes após 104 anos
Foto: Gabriel Pavan Sabino

Pesquisadores redescobriram uma espécie de begônia no arquipélago de Alcatrazes, no litoral norte de São Paulo, após mais de um século de desaparecimento. A primeira e única coleta da espécie conhecida como Begonia iarorum datava de 1920, por isso era dada como extinta na região. A nova descoberta renova as esperanças para a preservação da biodiversidade local.

O achado ocorreu durante uma pesquisa no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). A equipe responsável, liderada por Gabriel Pavan Sabino, investiga a flora desde 2022. 

Após o reencontro em fevereiro deste ano, os pesquisadores localizaram uma nova população de Begonia Iarorum no mês de setembro, composta por 19 indivíduos. A área de ocupação da espécie é ao sul da ilha. Recentemente, os cientistas divulgaram o achado na revista científica Oryx

“Andamos por toda a ilha desde 2022 e já estávamos considerando ela como extinta. Mas, felizmente, a reencontramos”, conta Sabino.

Características da Begonia Iarorum

A Begonia Iarorum, redescoberta em Alcatrazes após 104 anos, possui algumas diferenças das espécies de begônias do gênero. Entre as distinções estão as folhas, que apresentam ramificação na base. Suas flores, com aproximadamente 1 centímetro, estão organizadas em inflorescências e ocupam quase toda a ponta do ramo. 

O modo de polinização da planta ainda é desconhecido. Entretanto, os pesquisadores observaram a presença da mosca Allograpta exotica se alimentando do pólen das flores masculinas, enquanto a dispersão dos frutos ocorre pelo vento, devido às estruturas que lembram asas.

“Não temos informação sobre qual inseto seria responsável por sua polinização. Em campo, vimos a mosca Allograpta exotica se alimentando do pólen das flores masculinas. E a dispersão dos frutos é por meio do vento, já que eles têm estruturas que lembram asas. Vimos também que ela enraíza bem por estacas finas, então a propagação vegetativa deve ser importante”, conta o pesquisador.

A Begonia larorum está classificada como Criticamente Ameaçada. De acordo com Sabino, a perda de habitat causada por incêndios relacionados a exercícios da Marinha e a limitação geográfica da espécie contribuíram para essa classificação. 

A conservação da planta requer ações que vão além da proteção do local de ocorrência, incluindo o cultivo em jardins botânicos para garantir sua diversidade genética e possibilidade de reintrodução em seu habitat natural.

Para assegurar a preservação da espécie, os pesquisadores planejam enviar mudas da espécie para jardins botânicos no Rio de Janeiro e em São Paulo, bem como para o Instituto Plantarum, em Nova Odessa (SP).