Animais silvestres morrem afogados em canais de irrigação na Bahia
Governo do Estado e Ibama não se importam

Animais silvestres continuam agonizando até a morte em canais de irrigação e reservatórios de água em um dos maiores polos do agronegócio brasileiro, no Oeste da Bahia. A Amda denunciou a situação ao Ibama, mas não obteve retorno.
“Nem mesmo a agonia dos animais sensibiliza políticos e empresários. O governo baiano não se importa com a fauna. Se o Ibama não age, a quem a sociedade pode recorrer? Constitucionalmente, cabe aos poderes públicos proteger os animais silvestres, mas parece que isto só acontece no discurso”, diz Dalce Ricas, superintendente da Amda.
Laudos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), emitidos em 2023, já haviam confirmado mortes de animais em quatro fazendas nos municípios de Cocos e Jaborandi. Os técnicos constataram que eles entram nos canais em busca de água e não conseguem sair, agonizando por horas, pois seu revestimento é feito com lona plástica escorregadia. Durante a fiscalização os técnicos do Inema encontraram um “cemitério de animais mortos
O Inema autuou quatro empreendimentos e estipulou medidas de mitigação, mas nada foi feito. O governo baiano destaca-se no país pelo beneficiamento a projetos de irrigação, em ambientes naturais e territórios de populações tradicionais. Ao lado do Parque Grande Sertão Veredas, o Inema autorizou derrubar 7.000 ha de Cerrado.
Diante da inação do poder público estadual, a Amda solicitou ao Ibama fiscalização dos empreendimentos e operação em todo o país, porque a mortandade não acontece somente na Bahia. A solicitação foi encaminhada ao presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, em novembro de 2024 e foi repassada à Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama, que respondeu de forma vaga, negando a possibilidade da fiscalização.
Em fevereiro deste ano, a entidade enviou novo ofício ao Ibama, fornecendo mais elementos de comprovação, incluindo laudos do próprio Inema que identificaram os responsáveis pelos canais. Até o momento, não recebeu retorno, e a mortandade continua.
A denúncia foi também enviada a deputados que têm algum comprometimento com a causa ambiental e defesa de animais. O deputado Célio Studart foi o único que respondeu, informando que solicitaria audiência pública. Passados quase cinco meses isto não aconteceu.