Obras da Direcional Engenharia ameaçam sub-bacia do rio Bom Jesus, em Contagem

Organizações da sociedade civil, incluindo a Amda, denunciam a degradação da Área de Preservação Permanente (APP) da sub-bacia do rio Bom Jesus, em Contagem. A construtora Direcional Engenharia recebeu licença ambiental da prefeitura para erguer 288 apartamentos sobre a área, que é protegida por lei. A denúncia já foi encaminhada ao Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e a promotores de justiça envolvidos na defesa das bacias do rio das Velhas e do ribeirão da Onça.
Em abaixo-assinado, as entidades pedem paralisação das obras e revisão do projeto. A reação em defesa do rio é liderada pela Associação de Defesa da Natureza da Região do Nacional, Contagem (Ecovida).
“Se depender do setor imobiliário, não sobrará um metro de área livre na RMBH. É gratificante ver as comunidades se organizando em defesa do meio ambiente”, ressaltou a superintendente executiva da Amda, Dalce Ricas.
“A Lei Federal 12.651, de 25/05/2012, e a Lei Estadual 20.922, de 16/10/2013, ordenam a proteção ambiental das APPs, num raio de 50 metros de distância dos olhos d’água e das nascentes. Contudo, a Direcional não só descumpriu essa distância legal, mas também avançou para dentro do brejo aproximadamente 30 metros, soterrando olhos d’água e nascentes, para construir um estacionamento”, denunciam os signatários do documento.
De grande importância, o rio Bom Jesus abastece a lagoa da Pampulha, e faz parte da bacia do rio São Francisco. O brejo que abriga algumas das mais importantes nascentes do Bom Jesus também está ameaçado pela construção de um poço de aproximadamente dois metros de profundidade, que atinge o lençol freático. O risco é de o brejo secar e se tornar um terreno árido. “É como se a construtora tivesse furado a veia da terra, que vai sangrar até morrer”, afirmam as organizações.