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Ondas de calor são o “novo normal” no Brasil

Ondas de calor são o “novo normal” no Brasil
Crédito: Inmet/Divulgação

Outubro foi considerado o mês mais quente já registrado no mundo. A estimativa é que o ano de 2023 bata mais um recorde de temperatura. No Brasil, a população sente na pele os efeitos do calor escaldante, com termômetros ultrapassando os 40º C em várias localidades.

As prefeituras do Rio Janeiro e de São Paulo registraram temperaturas máximas de 42,5º C e 36,9°C, respectivamente. Na capital carioca, a sensação térmica chegou a 52,7ºC. Em Belo Horizonte, a máxima foi de 37,3°C. A estimativa é que a capital e outras cidades mineiras experimentem temperaturas até 5°C acima da média nos próximos dias.

O calor extremo fez o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ampliar o alerta de “grande perigo” para 15 estados e o Distrito Federal até sexta-feira (17). De acordo com o órgão, os meses de julho, agosto, setembro e outubro já foram os mais desde o início das medições.

Os episódios de calor intenso estão cada vez mais frequentes no país, aponta levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos últimos 30 anos, a média de dias com de ondas de calor subiu de 7 para 52.

O órgão classificou as ondas de calor como eventos de no mínimo seis dias consecutivos em que a temperatura máxima supera 10% do que é considerado extremo, comparado ao período de referência (1961-1990). Nesta época, em média sete ondas de calor ocorriam por ano em território brasileiro.

Com o aumento das emissões de gases de efeito estufa e consequente aquecimento do planeta, os eventos subiram para 20 por ano entre 1991 e 2000, e para 40 na década seguinte. Entre 2011 e 2020, mais de 50 ondas de calor passaram a ser registradas anualmente no país.

Ao longo dos anos, as ondas de calor foram seguidas por recordes de temperaturas máximas e dias secos consecutivos, com precipitação abaixo de 1 milímetro. As regiões Central e Nordeste foram as mais afetadas entre 2011 e 2020, com temperaturas máximas cerca de 3º C acima das registradas no período de referência.

Os dias secos consecutivos também aumentaram nessas regiões, saltando de 80 a 85 dias por ano entre 1961 e 1990, para cerca de 100 entre 2011 e 2020. O levantamento também chama a atenção para os extremos climáticos. Enquanto a precipitação caiu 40% nas regiões Central e Nordeste, no Sul o índice cresceu 30%.

“O mais recente relatório do IPCC destacou que as mudanças climáticas estão impactando diversas regiões do mundo de maneiras distintas. Nossas análises revelam claramente que o Brasil já experimenta essas transformações, evidenciadas pelo aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos em várias regiões desde 1961 e irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global”, ressaltou o pesquisador do Inpe Lincoln Alves, que coordenou os estudos.

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