Islândia suspende temporada de caça a baleias
O governo da Islândia anunciou a suspensão da temporada de caça a baleias até agosto deste ano. A decisão, que pode se tornar permanente, ocorre após evidências de que a prática viola o bem-estar animal. Relatório encomendado pelas autoridades locais mostrou que os animais sofrem por horas a fio antes de morrer.
“Esta atividade não pode continuar no futuro se as autoridades e os titulares das licenças não puderem garantir o cumprimento dos requisitos de bem-estar”, afirmou a ministra da Alimentação, Agricultura e Pesca, Svandís Svavarsdóttir, em nota.
Segundo o governo islandês, a suspensão serve para estabelecer novas limitações à prática, que há anos é criticada por defensores dos direitos animais pela extrema crueldade. O levantamento que embasou a decisão aponta que 41% das baleias caçadas não morrem imediatamente.
Os cetáceos, abatidos com arpões, podem permanecer por horas agonizando. Em 2022, 148 baleias-comuns (Balaenoptera physalus) foram mortas por caçadores na Islândia. A espécie é categorizada como “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que avalia o nível global de ameaça das espécies.
Com uma lei que proíbe a atividade na Islândia a partir de 2024, a caça está com os dias contados no país. A licença da última empresa baleeira islandesa, a Hvalur, expira nesse ano.
O massacre de baleias precisa acabar
A Islândia, ao lado de Noruega e Japão são os únicos países do mundo que permitem a caça de baleias. Os três não reconhecem a moratória contra a caça do cetáceo, assinada em 1986. O Japão antes alegava fins científicos para a atividade, mas liberou a caça comercial em 2019.
Em um arquipélago entre a Islândia e a Noruega, as Ilhas Faroé, a caça a baleias também é alvo de polêmicas e denúncias de violação dos direitos animais. Durante as caçadas, chamadas de “grindadrap” ou “grind”, centenas de animais são atraídos para uma baía rasa e brutalmente esfaqueados até a morte.
Embora a justificativa para a caça de baleias seja sempre a importância cultural e histórica, uma pesquisa realizada na Islândia mostrou que 51% da população é contra a atividade. Apenas 29% é a favor, sendo a maioria pessoas com 60 anos ou mais.
No século passado, a caça comercial foi responsável por deixar as baleias à beira da extinção. Décadas após a moratória que algumas populações foram reestabelecidas, como é o caso das baleias comum e cinzenta.
“As baleias já enfrentam tantas ameaças sérias nos oceanos devido à poluição, mudança climática, emaranhamento em redes de pesca e colisões com navios, que acabar com a cruel caça comercial é a única conclusão ética”, ressaltou Ruud Tombrock, diretor executivo da Humane Society International na Europa.