Desmatamento cai na Amazônia e sobe no Cerrado

Em tendência de queda, o desmatamento caiu 31% na floresta amazônica ao longo dos cinco primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período de 2022. No Cerrado, a situação é oposta: os alertas de desmatamento subiram 35% entre janeiro e maio de 2023 na comparação com o ano anterior.
Os dados, do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto de Pesquisa Espaciais (Inpe), mostram que somente no mês de maio o Cerrado perdeu 1.326 km², um aumento de 83% em comparação ao mesmo mês de 2022.
Segundo o secretário-extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, André Lima, aproximadamente metade do desmatamento registrado no Cerrado acontece com a chancela dos órgãos ambientais estaduais, que tem aprovado licenças para desmatar de forma indiscriminada.
A situação já foi denunciada pelo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. “Vários estados têm criado mecanismos para autorizar a supressão de vegetação de forma automatizada. A pessoa entra no site do órgão ambiental, coloca os dados, a gleba, pinta a área que quer desmatar e está feito, já consegue”, disse à Agência Pública.
Amazônia
No bioma amazônico, onde o governo tem concentrado ações de fiscalização e controle do desmatamento, o desmatamento apresentou sinais de queda. O governo federal já emitiu 7.196 autos de infração neste ano, e mais de 2,2 mil fazendas, glebas ou lotes rurais foram embargados. O valor das multas chega a R$ 2,23 bilhões.
A derrubada florestal na Amazônia foi 10% menor em maio de 2023 se comparada a maio de 2022. Nos cinco primeiros meses do ano foram 1.986 km² de área desmatada contra os 2.867 km² perdidos no mesmo período do ano passado. Quase a metade do desmatamento (46%), ocorreu em imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que permite o governo identificar o responsável pela área.
O restante ocorreu em assentamentos rurais (21%) e florestas públicas não destinadas (15%). Percentuais menores foram observados em unidades de conservação, terras indígenas e áreas de preservação permanente (APPs).
“Maio trouxe números animadores para a Amazônia, mas uma destruição sem precedente para o Cerrado, bioma que é fortemente pressionado pelas atividades agrícolas e indispensável para o regime de chuvas do país. Esperamos que assim como a Amazônia, essa região receba mais proteção e iniciativas como o PPCerrado”, destacou Edegar de Oliveira, Diretor de Restauração e Conservação do WWF-Brasil.