Amda propõe ampliação da Zona de Amortecimento do Parque do Rio Doce
A Amda participou, entre os dias 11 e 14 de abril, da Oficina de Revisão do Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio Doce (Perd), unidade de conservação (Uc) que abriga o maior remanescente de Mata Atlântica contínuo de Minas Gerais. A atualização segue o novo Roteiro Metodológico do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), utilizado desde 2022.
Participaram do evento representantes da sociedade civil, órgãos públicos, instituições de ensino, empresas privadas e prefeituras dos municípios abrangidos pelo parque, como Marliéria, Timóteo, Dionísio, Pingo D’Água e Bom Jesus do Galho. O biólogo Francisco Mourão e o geógrafo e engenheiro agrimensor Luiz Gustavo Nunes Vieira representaram a entidade.
O Plano tem como objetivo definir que atividades podem ser permitidas no parque e demais regras para garantir manutenção dos processos ecológicos, proteção dos ambientes naturais e definição do zoneamento da unidade de conservação, que serve para classificar zonas sob diferentes graus de proteção e regras de uso. Os principais temas discutidos foram:
Educação ambiental
Abertura à visitação pública no setor Norte do Perd, próximo ao núcleo urbano industrial de Ipatinga e Cel. Fabriciano foi parte da pauta. Foi discutida a possibilidade de estruturas para visitação, recreação e educação ambiental, que são de baixo impacto aos ambientes naturais e às espécies nativas do parque.
A proposta se baseia em estudos que indicam ser o parque ainda pouco visitado e conhecido pelos moradores de municípios localizados ao Norte, onde se concentram as maiores populações no entorno da unidade de conservação. O Grupo de Trabalho (GT) aprovou proposta de realização de estudos sobre a ideia.
Zona de Amortecimento
A revisão do perímetro da zona de amortecimento (ZA) do parque foi destaque no GT. A Amda propôs ampliação da ZA em seus setores Leste e Oeste, de modo a abranger todo o complexo lacustre do médio rio Doce, e também melhorar a conectividade do parque com a Serra da Jacuba, situada a Oeste, onde o Instituto Estadual de Florestas (IEF) estuda a possibilidade de criação de um parque estadual. A expansão urbana na ZA do Perd tem resultado em derrubadas da Mata Atlântica, aumento de incêndios e provavelmente de acesso clandestino ao mesmo.
Ponte Queimada
A estrada de Ponte Queimada, construída sobre o rio Doce estabelece ligação entre os municípios de Pingo D´Água e Timóteo, cortando o parque ao meio, e encontra-se há muito tempo em condições precárias de tráfego. Foi fechada ao tráfego comum há mais de meio século, sendo usada somente para algum trânsito local. Pelo fato de atravessar áreas de grande relevância ambiental, como a Mata dos Campolinas – um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica primária no Estado, sua reabertura à circulação de veículos, traria graves impactos ao Parque, como atropelamento de animais, invasões, fogo, caça, captura de animais silvestres e lixo.
Por esse motivo, a Amda, Fundação Relictos e diversos membros do Conselho Consultivo do Perd, defendem o uso da estrada apenas para atividades relacionadas à gestão e proteção da Uc e uso de moradores locais. A proposta aprovada pelo GT foi classificação da estrada, no Plano de Manejo, como Zona de Uso Moderado, categoria que permite apenas atividades de baixo impacto ambiental.