Amda participa de reunião sobre revisão do Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio Doce (Perd)
6 de fevereiro de 2023
Representantes da Amda participaram da reunião sobre revisão do Plano de Manejo do Perd, realizada na última sexta-feira (3/2), em Timóteo. A boa notícia, segundo a superintendente da entidade, Dalce Ricas, foi o interesse pelo parque expresso por membros da comunidade, academia e pelo vereador da cidade Professor Ronaldo.
“Deixamos claro que, para a Amda, o objetivo principal do Plano de Manejo é proteger o parque e não atender interesses econômicos, que não podem ser ignorados, mas não podem ameaçar a unidade de conservação”, disse Dalce.
A Amda e a Fundação Relictos vêm denunciando a invasão da Zona de Amortecimento do parque por loteamentos ilegais. Há lotes de 1.000 metros anunciados, diversas construções e muita derrubada de Mata Atlântica. “Tememos a famigerada ‘política do fato consumado’. O Estado permite as invasões e depois propõe que as áreas invadidas sejam excluídas da ZA. É premiar a ilegalidade”, denunciou Dalce.
Além dos loteamentos, a Amda vem desenvolvendo campanha contra reabertura da estrada que atravessa a Mata dos Campolina, única área de vegetação primária do parque. “Nem é uma estrada. É mais uma estradinha, estreita e escondida pela frondosa floresta, utilizada por pesquisadores, observadores de pássaros e turistas encantados com suas gigantescas árvores. É um lugar para relaxar e não estressar com o barulho e riscos do tráfego de veículos. Sua reabertura só traria malefícios ao parque”, lembrou Luiz Gustavo Nunes, geógrafo da Amda que participou da reunião.
Seu fechamento foi determinado pelo Plano de Manejo, e há mais de meio século o tráfego é baixíssimo, o que permitiu regeneração da floresta ao longo de suas margens. “Reabri-la, além de intervenção com máquina e desmatamento, seria ‘porta aberta’ para invasão de caçadores, lixo, fogo, atropelamento e afugentamento da fauna. Isto acontece ao longo de todas as rodovias no país. Porque lá seria diferente?”, questionou Dalce.
A revisão do Plano de Manejo está sendo custeada com recursos da Fundação Renova, como compensação pelos danos causados ao parque pela lama da barragem de Fundão. “Um dinheiro originado de uma tragédia ambiental, não pode financiar outra”, ironiza Luiz Gustavo.
Para a Amda, a reabertura atenderia interesses econômicos, principalmente imobiliários, pois facilitaria ainda mais o acesso a loteamentos. Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Minas Gerais perdeu mais de 15.000 hectares do bioma em 2022. As maiores causas foram expansão urbana, agropecuária e carvoejamento.
Amda, Fundação Relictos e SOS Mata Atlântica defendem que a estrada continue a ser utilizada somente para turismo, educação ambiental e tráfego de veículos do Instituto Estadual de Florestas (IEF), como brigadas de combate a incêndios ou fiscalização. A recuperação da Ponte Queimada atenderia o mesmo princípio. Para as entidades, isso só pode acontecer mediante projeto que contemple construção de guarita e vigilância armada para impedir tráfego comum.