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Bolsonaro assina decreto que autoriza destruir cavernas, colocando em risco mais de 21 mil cavernas no país

Bolsonaro assina decreto que autoriza destruir cavernas, colocando em risco mais de 21 mil cavernas no país
Gruta Janelão

Sem ouvir pesquisadores e estudiosos, Jair Bolsonaro alterou as regras de proteção às cavernas, colocando em risco as mais de 21 mil cavidades naturais subterrâneas registradas no Brasil. Publicado no último dia 12, o decreto 10.935/2022 liberou atividades e empreendimentos que podem causar danos irreversíveis e a consequente destruição de cavernas de máxima relevância no país.

Pelo decreto anterior (99.556/1990), apenas cavernas de relevância alta, média ou baixa, localizadas em áreas passíveis de licenciamento ambiental, podiam ser impactadas. À época o decreto foi duramente criticado como medida facilitadora da mineração principalmente.

“Achávamos que não poderia piorar, mas o governo Bolsonaro conseguiu. Considerando o descompromisso ambiental dos Estados, nosso patrimônio espeleológico será ainda mais destruído”, ressalta Dalce Ricas, superintendente da Amda.

Em nota, a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) manifestou total repúdio à decisão e informou que “não foi convidada para contribuir ou integrar grupos de discussão acerca desta modificação”. Para a entidade, a publicação mostra a interferência direta dos Ministérios de Minas e Energia e de Infraestrutura em uma matéria que é de interesse ambiental.

Agora, empreendimentos considerados de “interesse público”, como rodovias, ferrovias e linhas de transmissão, podem ser instalados até em cavernas de máxima relevância mediante autorização do órgão ambiental.

Para Dalce, Minas Gerais tem o maior patrimônio espeleológico do país e um sistema de licenciamento calcado muito mais em parâmetros econômicos do que ambientais. “Além do Estado não se importar com a proteção deste patrimônio, poderá permitir sua destruição com mais facilidade. Estamos regredindo de forma acelerada na área ambiental”, completa.

Especialistas ressaltam que, além das espécies únicas e criticamente ameaçadas, as cavernas desempenham serviços ecossistêmicos fundamentais, como o abastecimento de aquíferos, que pode ser gravemente comprometido. “Estas alterações são extremamente questionáveis, e gerarão impactos enormes e irreparáveis”, alertou a Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros (SBEQ).

As exigências de compensação ambiental também foram flexibilizadas. Será permitido explorar uma caverna e compensar os danos em outra “com atributos ambientais similares àquela que sofreu o impacto e, preferencialmente, com grau de relevância máximo e de mesma litologia”.

“Do ponto de vista físico, as cavernas são únicas. Não existem duas cavernas iguais, porque os processos que dão origem a uma caverna são únicos. Não existe compensação correta por causa da singularidade delas”, explicou Enrico Bernard, presidente da SBEQ.

Clique aqui e assine petição contra o decreto 10.935/2022.